Page 129 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Não são nossos!... – disse Pedro, temeroso.

                         –  Ninguém  vai  ligar  –  replicou  Susana.  –  Além  disso,  não  vamos
                  levar os casacos para fora de casa: eles nem vão sair do guarda-roupa!

                         – Não pensei nisso – falou Pedro.

                         – É mesmo, assim não vai haver problema. Ninguém vai dizer que
                  pegamos  os  casacos  se  eles  continuam  no  guarda-roupa;  pois  a  minha
                  impressão é que o país fantástico está dentro do guarda-roupa.
                         E logo puseram em prática a sensata sugestão de Susana. Os casacos
                  eram  enormes  para  eles,  chegando  aos  calcanhares,  e  pareciam  mais
                  imponentes  mantos  reais do que simples casacos.  O  importante  é que  se
                  sentiam mais quentinhos, e cada um achava o outro muito elegante.

                         – Vamos fazer de conta que somos exploradores polares.

                         – Nem é preciso – disse Pedro. – Mesmo sem fazer de conta, a coisa
                  vai ser muito divertida.

                         Foram andando na direção da floresta. No céu juntavam-se nuvens
                  escuras, e tudo levava a crer que cairia mais neve antes do anoitecer.

                         – Escutem – disse Edmundo –, não acham que devemos cortar um
                  pouco à esquerda, para irmos diretamente ao lampião?
                         Havia  esquecido  que  o  seu  papel  era  continuar  fingindo  que  não
                  conhecia o bosque. Os outros pararam e ficaram olhando para ele. Pedro
                  assobiou.

                         – Ah, então, você já esteve aqui! Você disse que era mentira da Lu!

                         Fez-se um silêncio mortal.
                         – Se há uma coisa que eu odeio... – disse Pedro, mas logo se calou,
                  encolhendo  os  ombros.  De  fato,  nada  mais  havia  a  dizer.  E  de  novo
                  puseram-se  a  caminho.  Edmundo  ia  resmungando  para  si  mesmo:
                  “Cambada de gente pretensiosa! Um dia, vocês me pagam!”

                         – Aonde vamos? – perguntou Susana, ansiosa para mudar o rumo da
                  conversa.

                         – Acho que a Lúcia é quem deve nos guiar – disse Pedro. – E ela
                  merece, depois do que acabamos de ouvir. Para onde, Lu?

                         – E se fôssemos visitar o Sr. Tumnus? Que acham? É aquele fauno
                  bonito...

                         Concordaram  todos,  apertando  o  passo,  batendo  os  pés  no  chão.
                  Lúcia saiu-se bem na missão de guia. A princípio, não estava muito certa se
                  encontraria  o  caminho,  mas  foi  reconhecendo,  aqui,  uma  árvore  de  jeito
                  estranho,  ali,  um  tronco  no  chão,  até  chegarem  àquele  lugar  em  que  o
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