Page 131 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Ah, isso é que não! Agora não pode ser! – disse Lúcia de repente. –
Não podemos voltar de pois do que aconteceu. Foi por minha causa que o
fauno se meteu nesta confusão. Foi ele que me escondeu da feiticeira e me
ensinou o caminho de casa. E isto que eles querem dizer com o “auxílio aos
inimigos da rainha e confraternização com humanos”. Temos de fazer tudo
para salvá-lo.
– Grande coisa haveremos de fazer! – disse Edmundo. – Nem temos
o que comer!
– Cale a boca – disse Pedro, ainda muito zangado com Edmundo. –
Qual a sua opinião, Susana?
– Tem aqui dentro de mim uma coisa horrível dizendo que Lu está
certa – disse Susana. – Mas, por mim, não dava nem mais um passo. Ah, se
eu não tivesse vindo! Mas temos de fazer alguma coisa pelo fauno. Seja lá
o que for.
– Também acho – disse Pedro. – O drama é não termos trazido
comida. E se voltássemos para pegar algo na despensa? Mas quem nos
garante que, se a gente sair, vai poder entrar de novo neste país mágico?
Acho que o melhor é continuar.
– Também acho – disseram as duas meninas ao mesmo tempo.
– Se ao menos a gente soubesse onde é que o coitado está preso! –
disse Pedro.
Todos ficaram calados, imaginando o que podiam fazer, quando, de
repente, Lúcia exclamou:
– Olhem aquele pintarroxo de papo vermelho. É a primeira vez que
vejo um passarinho aqui. Prestem atenção! Está com uma cara de quem
quer falar alguma coisa! Os passarinhos de Nárnia também serão capazes
de falar?
Voltou-se para o pássaro:
– Sr. Pintarroxo, seria capaz de nos dizer para onde levaram Tumnus,
o fauno? – E deu um passo na direção da avezinha, que logo levantou vôo,
mas para uma árvore ali pertinho. Empoleirada lá, ficou olhando para eles,
como se tivesse entendido tudo o que haviam dito. Quase sem querer, os
quatro avançaram mais um passo ou dois. O pintarroxo voou de novo para
a árvore mais próxima. E ficou olhando. Aliás, não é fácil encontrar um
pintarroxo de papo tão vermelho e de olhos tão brilhantes como aquele!
– Sabem de uma coisa? – perguntou Lúcia. – Acho que ele quer que
a gente vá atrás dele.
– É o que parece – concordou Susana. – Que acha, Pedro?