Page 136 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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encontravam haviam construído um dique sobre o rio; e os meninos se
lembraram logo de que os castores são fabulosos construtores de diques.
Aquela obra – não tiveram dúvida – era do Sr. Castor. Notaram que este
tomava um ar modesto... o mesmo ar que as pessoas assumem quando
visitamos o jardim que fizeram ou lemos uma história que escreveram. Por
isso, era da mais elementar educação que Susana dissesse:
– Que lindo dique!
E desta vez o castor não disse “silêncio!”:
– Ora, ora! Isso não é nada. Não tem a menor importância. E ainda
nem está terminado.
Acima do dique havia o que deveria ter sido um lago profundo, mas
que agora não passava de uma superfície rasa de gelo esverdeado e escuro.
Abaixo do dique, muito mais abaixo, havia mais gelo, mas, em vez de ser
liso e plano, tinha as formas ondulantes e espumantes da água, como era no
momento em que tudo ficou gelado. Nos lugares em que a água tinha
escorrido por cima do dique, via-se agora uma fileira de pingentes
brilhantes de gelo, como se fossem flores e grinaldas da mais imaculada
brancura. No meio do dique, quase no alto, viram uma linda casinha, que
mais parecia uma grande colméia de abelhas. De um buraco que havia no
teto subiam nuvens de fumaça, que logo traziam a idéia (sobretudo a quem
estivesse com muita fome) de um jantar excelente sendo preparado. E isso
aumentou-lhes ainda mais a fome.
Edmundo reparou ainda em outra coisa; um pouco mais longe, lá
embaixo, corria outro rio menor por um vale estreito. Olhando pelo vale
acima, viu lá adiante duas colinas, que era capaz de jurar serem as mesmas
que a feiticeira lhe apontara ao longe, quando dele se separou perto do
lampião. Entre as duas colinas devia estar o palácio, a pouco mais de um
quilômetro. Lembrou-se do manjar turco e da promessa de vir a ser rei. (“O
que ia dizer Pedro, se soubesse!”) Começaram então a brotar-lhe no
cérebro umas idéias terríveis.
– Ora, aqui estamos todos – disse o Sr. Castor. – E parece que a Sra.
Castor está à nossa espera. Vou na frente para mostrar o caminho. Cuidado
para não escorregarem!
A parte alta do dique era bastante larga, mas não era um bom lugar
para os humanos caminharem, pois estava coberta de gelo; além disso,
embora de um dos lados estivesse o lago gelado, do outro havia um abismo.
O castor conduziu-os em fila indiana até o meio do caminho, de onde
podiam contemplar todo o curso do rio, de um lado e do outro. Ao
chegarem ao meio, lá estava a casinha.