Page 142 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Já que fala nisso, eu também – concordou o marido. – Mas
pouquíssimos, e os melhores são até os que menos se parecem com os
homens.
Porque em geral, podem acreditar, quando encontramos um ser que
vai ser humano, mas ainda não é, ou que o foi no passado, e depois deixou
de ser, ou que devia ser humano, mas na verdade não o é, o melhor é ter
cuidado e ficar de pé atrás. E por isso que a feiticeira anda sempre à
procura de humanos em Nárnia. Há muitos anos que ela procura vocês, sem
parar; e se soubesse que vocês são quatro, seria então muito mais perigosa.
– Mas que tem isso de especial? – perguntou Pedro.
– É que existe uma outra profecia. Lá embaixo, em Cair Paravel, no
castelo que dá para o mar, junto da foz do rio, e que devia ser a capital se
tudo corresse como devia... Lá, em Cair Paravel, há quatro tronos. Uma
velhíssima tradição de Nárnia já anunciava que, quando dois Filhos de
Adão e duas Filhas de Eva se sentarem nos quatro tronos, então será o fim,
não só do reinado da feiticeira, mas da própria feiticeira. Foi por isso que
usei de tanta cautela quando viemos para cá; por que, se ela suspeitasse da
chegada de vocês, eu não daria uma truta pela vida dos quatro...
Os meninos estavam tão amarrados nos lábios do Sr. Castor, que por
muito tempo não prestaram atenção a mais nada. Mas, no silêncio que se
seguiu às suas últimas palavras, Lúcia, de repente, perguntou:
– Onde está Edmundo?
Foi um silêncio terrível; depois começaram a indagar:
– Quem foi o último a vê-lo?
– Há quanto tempo desapareceu?
– Terá ido lá fora?
Correram todos para a porta. Lá fora, a neve caía lenta e firme, e o
gelo esverdeado do lago já estava coberto de um espesso lençol branco.
Mesmo no meio do dique, mal conseguiam avistar as margens do rio.
Enterrando os tornozelos na neve recente, deram voltas em todas as
direções.
– Edmundo! Edmundo! – ficaram roucos de gritar. A neve, caindo
silenciosamente, parecia abafar-lhes as vozes, e nem o eco respondia.
– Que coisa pavorosa! – disse Susana, quando, por fim, resolveram
voltar, já sem nenhuma esperança. – Quem me dera que eu nunca tivesse
vindo!
– E que vamos fazer agora, Sr. Castor? – indagou Pedro.