Page 143 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Que vamos fazer? – disse o castor, já enfiando as botas de neve. –
                  Que vamos fazer? Precisa mos partir imediatamente. Não temos um minuto
                  a perder.

                         – Não era melhor a gente seguir em quatro grupos – sugeriu Pedro –,
                  cada um numa direção? Quem encontrar Edmundo, retorna logo à base...

                         – Quatro grupos, Filhos de Adão? – perguntou o Sr. Castor. – Para
                  quê?

                         – Para procurar!
                         – Não vai adiantar nada! – disse o castor.

                         –  Que  quer  dizer  com  isso?  Ele  não  pode  estar  longe.  Temos  de
                  encontrá-lo. Por que diz que não vai adiantar? – perguntou Susana.

                         – Não vale a pena procurá-lo, pois eu sei perfeitamente para onde ele
                  foi! – Todos arregalaram os olhos, espantados. – Não estão entendendo?
                  Foi encontrar-se com ela, a Feiticeira Branca. Traiu-nos a todos.

                         –  Oh,  francamente,  essa  não!  –  exclamou  Susana.  –  Ele  não  faria
                  uma coisa dessas.

                         – Acham que não? – perguntou o castor, olhando tão fixamente para
                  os  três,  que  eles  perderam  a  vontade  de  falar,  certos,  no  íntimo,  de  que
                  Edmundo não tinha feito outra coisa.
                         – Mas como é que ele sabe o caminho? – perguntou Pedro.

                         – Ele já esteve alguma vez em Nárnia? Já esteve aqui sozinho?

                         – Já – respondeu Lúcia, quase num murmúrio. – Infelizmente, já.
                         – E contou o que fez aqui? Quem encontrou?

                         – Não, nunca! – respondeu Lúcia.

                         – Então, prestem atenção: ele já esteve com a Feiticeira Branca; está
                  do  lado  dela;  sabe  muito  bem  onde  ela  mora.  É  triste  dizer-lhes  isso,
                  porque, afinal de contas, é irmão de vocês, mas foi só olhar para ele e disse
                  cá  comigo:  “Este  é  um  traidor.”  Tinha  todo  o  ar  de  já  ter  encontrado  a
                  feiticeira  e  comido  dos  seus  manjares  encantados.  Quem  vive  há  muito
                  tempo  em  Nárnia não  se  engana: dá  logo  com  eles.  Nós  os conhecemos
                  pelos olhos.

                         – Seja lá como for – disse Pedro, numa voz um tanto sufocada –,
                  temos de ir atrás dele. Afinal, é nosso irmão, um pouco imbecil e mau, mas
                  irmão. E, pensando bem, não passa de uma criança.

                         – E querem ir à casa da feiticeira? – perguntou a Sra. Castor. – Mas a
                  única  possibilidade  de  salvação,  dele  e  de  vocês,  é  fugirem  dela,  de
                  qualquer forma.
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