Page 202 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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uma fivela aí mais embaixo.” “Encurte um pouco  mais os estribos.” Por
                  fim disse:

                        - Você  vai  usar  rédeas,  mas  só  para  manter  as  aparências.  Enrole  a
                  ponta  na  sela,  bem  frouxa,  para  que  eu  possa  mexer  à  vontade  com  a
                  cabeça. Escute: não toque nunca nestas rédeas!

                        - Mas, então, para que serve isso?

                        - Em  geral,  para  que  me  dirijam.  Mas,  como  quem  vai  dirigir  esta
                  viagem sou eu, por favor não mexa nisso aí. Aliás, mais um aviso: não se
                  agarre na minha crina.
                        - Mas espere aí: se não posso segurar nem nas rédeas nem na crina,
                  onde vou me agarrar?

                        - Em seus joelhos: é o segredo de quem sabe montar. Pode apertar o
                  meu  corpo  como  quiser;  sente-se  bem  aprumado,  cotovelos  para  dentro.
                  Aliás, o que você fez com as esporas?

                        - Coloquei nos pés, é claro. Isso eu sei.

                        - Pois  então  tire  essas  esporas  dos  pés  e  guarde  na  sacola.  Talvez
                  possa vendê-las em Tashbaan. Pronto? Acho que já pode subir.

                        - Puxa!  Você  é  muito  alto  -  reclamou  Shasta,  depois  da  primeira
                  tentativa de montar.
                        - Sou um cavalo, só isso - foi a resposta. - Pelo jeito que você monta,
                  diriam que sou um monte de capim. Isso, melhorou. Agüente firme e não se
                  esqueça  dos  joelhos.  Engraçado!  Pensar  que  eu,  que  conduzi  cargas  de
                  cavalaria e venci tantas corridas, levo agora na sela uma espécie de saco de
                  batatas! Deixe pra lá e vamos em frente.

                        Com grande precaução, foram inicialmente na direção oposta, por trás
                  da cabana, onde passava um riacho a caminho do mar, tendo o cuidado de
                  deixar  na  lama  pegadas  que  apontavam  para  o  Sul.  Depois  pegaram  um
                  trecho da margem coberto de seixos e seguiram para o lado do Norte. A
                  passo,  voltaram  pelo  caminho  da  cabana,  passaram  pela  árvore  e  pelo
                  estábulo do burro, deixaram o riacho e sumiram na noite quente.

                        Tomaram a direção das colinas e chegaram à crista que marcava o fim
                  do mundo conhecido por Shasta; este nada via à frente, a não ser uma relva
                  que parecia não ter fim, um campo aberto sem casa alguma.

                        - Que beleza de lugar para um galope! - sugeriu o cavalo.
                        - Não, por favor, ainda não. Por favor, cavalo. Ei, ainda não sei o seu
                  nome.

                        - Meu nome é Brirri-rini-brini-ruri-rá.
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