Page 205 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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- Não será roubo gastar esse dinheiro? - perguntou Shasta.

                        - É verdade - respondeu o cavalo, com a boca cheia de capim. - Nem
                  pensei nisso. Um cavalo livre, um cavalo falante, não rouba... Mas não vejo
                  mal algum, francamente. Éramos prisioneiros num país inimigo. O dinheiro
                  é a nossa presa de guerra. Além disso, de que jeito vamos arranjar comida
                  sem  dinheiro?  Você  é  humano  e  não  vai  querer  comida  natural,  como
                  capim e aveia, não é?

                        - Capim e aveia não dá pé, Bri.

                        - Já experimentou?
                        - Já. Não desce, de jeito nenhum.

                        - São tão esquisitões os humanos!

                        Quando Shasta terminou a refeição (a melhor que já tivera), Bri disse
                  que iria dar uma boa rolada na relva. E assim o fez, colocando-se de pernas
                  para o ar:

                        - E uma delícia, uma delícia! Devia fazer o mesmo, Shasta. Refresca
                  que é uma beleza.

                        Shasta caiu na risada, dizendo:
                        - Você fica tão engraçado de pernas para o ar!

                        - Engraçado coisa nenhuma - protestou Bri. E levantou-se de repente,
                  erguendo a cabeça e fungando um pouco. - E mesmo engraçado, Shasta?

                        - Muito. Isso tem alguma importância?
                        - Você acha que um cavalo falante faz isso? Será que aprendi isso com
                  os cavalos mudos? Vai ser muito desagradável se descobrirem em Nárnia
                  que  adquiri  maus  hábitos.  Que  acha?  Pode  falar  com  toda  a  franqueza.
                  Acha que os verdadeiros cavalos, os falantes, rolam na relva?

                        - Como é que posso saber? Eu é que não ia ligar para isso, se fosse
                  você. Temos primeiro é de chegar lá. Sabe o caminho?

                        - Sei  o  caminho  para  Tashbaan.  Depois  é  o  deserto.  Mas  não  se
                  assuste, a gente dá um jeito no deserto. Lá teremos a visão das montanhas
                  do Norte. Ninguém nos segura. Imagine só! Para Nárnia e para o Norte!
                  Mas bem que gostaria de já ter passado por Tashbaan. Nosso problema são
                  as cidades.

                        - Podemos evitar Tashbaan?

                        - Só se percorrêssemos um longo caminho por dentro, que passa por
                  terras cultivadas e boas estradas, mas não sei o caminho. Não, devemos ir
                  ao  longo  da  costa.  Aqui  em  cima  só  encontraremos  carneiros,  coelhos,
                  gaivotas e alguns pastores. Aliás, que tal se a gente fosse indo?
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