Page 210 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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linhagem, metida na armadura do irmão e louca para que ninguém se meta
com ela, se isso não é meio suspeito podem me chamar de cavalo de circo.
- Pois, então, muito bem! - disse Aravis. - Adivinhou! Estamos
fugindo. Estamos tentando chegar a Nárnia. E daí?
- Bem, nesse caso, o que nos impede de ir juntos? - disse Bri. - Estou
certo, madame Huin, de que aceita a proteção que poderei oferecer-lhe
durante a jornada...
- Quer parar de falar com a minha montaria e dirigir-se a mim? -
protestou a menina.
- Queira desculpar, tarcaína - respondeu Bri, com um ligeiríssimo
tremor de orelha -, mas isso é conversa de calormanos. Somos narnianos
livres, Huin e eu; e acho que, se você está fugindo para Nárnia, também
desejará o mesmo. Neste caso, Huin não é mais a sua montaria. Podemos
até dizer que você é a humana de Huin.
A menina abriu a boca para responder mas desistiu. Evidentemente
ainda não tinha visto a coisa sob esse aspecto.
- De qualquer modo - falou, depois de uma
pausa -, não vejo muita vantagem em irmos juntos. Será que assim não
chamaremos mais a atenção?
- Menos - respondeu Bri.
- Ora, vamos juntos - disse a égua. - Vou-me sentir muito melhor. E,
além disso, nem sequer estamos certas do caminho a seguir.
- Brí - interveio Shasta -, é melhor deixá-las. - Está se vendo que não
desejam a nossa companhia.
- Pelo contrário - disse Huin.
- Escute aqui - disse a menina. - Não me importo de ir com você, Sr.
Cavalo de Guerra... Mas, e o menino? Como vou saber se ele é ou não é um
espião?
- Por que não diz logo que não sou digno da sua companhia? -
perguntou Shasta.
- Calma, Shasta - disse Bri. - A dúvida da tarcaína é muito razoável.
Respondo pelo menino, tarcaína. Tem sido fiel e amigo. Só pode ser de
Nárnia ou da Arquelândia.
- Bem, vamos juntos. - Mas Aravis nada disse para Shasta; era óbvio
que desejava somente a companhia de Bri.
- Magnífico! - exclamou Bri. - Agora, que a água nos defende
daqueles pavorosos bichos, que tal se os dois humanos tirassem as nossas