Page 211 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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selas para um bom descanso? Precisamos conversar sobre as nossas
histórias.
Livres das selas, os cavalos comeram um pouco de capim, enquanto
Aravis retirava do seu
alforje maravilhosas coisas de comer. Mas Shasta, amuado, recusou:
“Não, obrigado, não estou com fome.” Tentou manter uma pose importante
e indiferente, mas choupana de pescador não é lugar muito adequado para
uma criança aprender a fazer pose: o resultado foi um fiasco.
Quando percebeu que a sua encenação não estava fazendo o menor
sucesso, ficou ainda mais amuado e sem jeito. Os cavalos, pelo contrário,
estavam se dando às mil maravilhas. Relembravam os mesmos lugares de
Nárnia - “os relvados do Dique dos Castores”- e acabaram descobrindo que
eram meio aparentados. Isso agravou ainda mais a situação dos humanos,
até que Bri acabou dizendo:
- Agora, tarcaína, conte-nos a sua história. E não tenha pressa... Estou
me sentindo tão bem...
Aravis não fez cerimônia. Sentou-se quase imóvel e começou a falar,
num tom de voz e num linguajar bem diferentes. Pois acontece o seguinte:
na Calormânia, aprende-se a contar uma história (seja ela verdadeira ou
inventada), assim como você aprende na escola a fazer redações. A
diferença é que as pessoas gostam de ouvir histórias, mas nunca soube de
alguém que gostasse de redações.