Page 225 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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- “Ué!” - pensou Shasta - “ele é rei, ela é rainha, mas são irmãos, não
marido e mulher!”
- Sinceramente, minha irmã, perderia o meu fraternal amor por você,
caso fosse outra a sua resposta. Devo confessar-lhe: desde que os
embaixadores do Tisroc chegaram a Nárnia para tratar do casamento, e que
o príncipe Rabadash foi nosso hóspede em Cair Paravel, jamais consegui
entender como você pôde prestar-lhe tantas atenções.
- Insensatez da minha parte - respondeu a rainha Susana -, pela qual
peço a sua benevolência. Contudo, lembro que o príncipe se conduziu antes
de maneira melhor que aqui em Tashbaan. Peço o seu testemunho sobre os
grandes feitos que ele alcançou nos torneios que o Grande Rei, nosso
irmão, lhe preparou; comportou-se com graça e cortesia durante os sete
dias em que esteve conosco. Mas aqui, na própria cidade, tem mostrado a
sua outra face.
- Pois é como diz o ditado - grasnou o corvo -: “E preciso ver o urso
na toca para saber como ele é.”
- Pura verdade, Pisamanso - falou um dos anões. - E há também
aquele outro: “Venha morar comigo para saber quem eu sou.”
- Sim - disse o rei -, já sabemos quem é ele: um tirano enfatuado,
violento, ganancioso e desalmado.
- Assim sendo - replicou Susana -, vamos partir de Tashbaan hoje
mesmo.
- Aí está o problema, minha irmã - exclamou Edmundo -, pois agora
preciso desabafar o que se passa dentro de mim nestes últimos dias. Por
obséquio, Peridan, veja se há alguém nos espionando. Tudo certo? Toda
cautela é pouca a partir de agora.
Ficaram todos muito sérios. A rainha Susana correu para o lado do
irmão:
- Edmundo! Há qualquer coisa tenebrosa no seu olhar...