Page 228 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 228
Susana caiu em prantos:
- Como me arrependo de ter saído de Cair Paravel! Nossa felicidade
acabou quando lá chegaram os embaixadores dos calormanos. As toupeiras
estavam plantando um pomar para nós... ó... ó...
Tapando o rosto com as mãos, a rainha soluçava.
- Coragem, Su, coragem, irmãzinha... Mas que diabo é isso, Mestre
Tumnus?!
O fauno agarrava os dois chifres com as mãos como se quisesse
manter a cabeça no lugar, retorcendo-se todo como se sentisse dores.
- Não fale comigo agora, não fale comigo agora. Estou pensando.
Estou pensando tanto que nem posso respirar. Espere, espere um momento.
Depois de um embaraçoso silêncio, o fauno deu uma boa respirada,
esfregou a testa e disse:
- A única dificuldade é chegar ao nosso navio... com um pouco de
carregamento... sem sermos vistos.
- Exatamente - disse sarcástico um dos anões. - A única dificuldade
que impede um mendigo de andar a cavalo é não ter o cavalo.
- Um momento, um momento - replicou o Sr. Tumnus, com
impaciência. - Só precisamos de uma coisinha: um pretexto para ir até o
navio hoje e levar alguma carga para lá.
- Sim - resmungou o rei com hesitação.
- Que tal - disse o fauno - se Vossas Majestades convidassem o
príncipe para um grande banquete a bordo do nosso galeão, o Esplendor
Hialino, amanhã à noite? O convite deve ser feito de modo que dê
esperanças ao príncipe, sem ferir o honor da rainha.
- Excelente idéia, Majestade - crocitou Pisamanso.
Tumnus, animado, prosseguiu:
- Assim todos acharão natural que passemos o dia indo ao navio,
organizando a festa. Alguns de nós podem ir às lojas de doces e frutas e de
vinhos, como se fôssemos mesmo dar um grande banquete. E diremos aos
mágicos, aos saltimbancos, às dançarinas e aos músicos que estejam todos
a bordo amanhã à noite.
- Já estou vendo, já estou vendo - exclamou o rei Edmundo esfregando
as mãos. - Tumnus continuou:
- Estaremos portanto todos a bordo hoje. Logo que cair a noite...
- A todo o pano! - bradou o rei.