Page 226 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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                                                                    O PRÍNCIPE CORIN






                        Disse o rei Edmundo:

                        - Minha querida irmã e rainha: chegou o momento de mostrar a sua
                  bravura. Devo dizer-lhe sem rodeios que corremos sério perigo.

                        - Diga, Edmundo.

                        - Simplesmente  isto:  não  creio  que  será  fácil  para  nós  sair  de
                  Tashbaan.  Enquanto  o  príncipe  mantiver  a  esperança  de  desposá-la,
                  seremos hóspedes de honra. Mas, pela juba do Leão, assim que receber a
                  sua recusa, não passaremos de prisioneiros.
                        Um dos anões desabafou num assobio. E disse o corvo:

                        - Bem que avisei a Vossas Majestades: “Entrar é fácil; sair é que são
                  elas!”

                        - Estive com o príncipe hoje de manhã - prosseguiu Edmundo. - Não
                  tem o hábito de ser contrariado. Anda muito agastado com a sua demora
                  em responder e com suas palavras dúbias. Queria a todo custo saber a sua
                  decisão.  Disfarcei  o  que  pude,  ao  mesmo  tempo  que  buscava  esfriar  um
                  pouco as suas esperanças, fazendo brincadeiras vulgares sobre os caprichos
                  das  mulheres,  insinuando  que  a  corte  dele  não  era  muito  firme.  Ficou
                  enraivecido e perigoso. Cada palavra que pronunciava escondia ameaças,
                  ainda                                  que                                   veladas
                  em afetações corteses.

                        Disse Tumnus:

                          - É isso mesmo. Quando ceei com o grão-vizir, na noite passada, foi
                  a mesma coisa. Quis saber o que eu achava de Tashbaan. Como não podia
                  dizer-lhe  que  detesto  até  as  pedras  da  cidade,  falei  que  agora,  quando  o
                  verão começa a pegar fogo, estava sentindo saudade dos bosques frescos de
                  Nárnia. Foi sorrindo de cara feia que ele me disse: “Nada há que o impeça
                  de dançar outra vez no seu bosque, seu pezinho de bode, desde que vocês
                  nos deixem em troca uma noiva para o príncipe.”
                        - Quer dizer que ele pretende casar-se comigo à força?

                        - É o que eu penso, Susana - respondeu Edmundo.

                        - Mas  terá  coragem  para  isso?  Achará  o  Tisroc  que  nosso  irmão,  o
                  Grande Rei, suportará essa infâmia?
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