Page 23 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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bolso? Ótimo. Ponha seu anel amarelo no bolso direito. Tenho dois verdes.
                  Olhe aqui um para você.

                         Com  os  anéis  nos  dedos,  voltaram  para  o  lago.  Mas  antes  que
                  tentassem novo mergulho, Digory deu um suspiro que não acabava nunca:
                  “O... o... o... oh!”

                         – Que está acontecendo agora?

                         – Acabei de ter uma idéia genial. E os outros lagos?
                         – Não estou entendendo...

                         – Escute: se podemos voltar ao nosso mundo mergulhando aqui, não
                  é  lógico  que  a  gente  deva  ir  para  outro  lugar  pulando  em  outro  lago?
                  Imagine se há um mundo diferente no fundo de cada lago!

                         – Mas eu pensei que a gente já estivesse no Outro Mundo do seu tio,
                  ou no Outro Lugar, seja lá o que for. Você não disse...

                         –  Não  me  chateie  com  o  tio  André,  ora  bolas!  Acho  que  ele  não
                  entende nada deste lugar, pois nunca teve peito para vir por conta própria.
                  Só falou de um Outro Mundo. Suponhamos que haja dezenas...

                         – Quer dizer, este bosque é apenas um dos mundos?
                         – Não! Acho que este bosque nem chega a ser um mundo. Não deve
                  ser mais do que um lugar de passagem.

                         Polly olhava, intrigada.

                         – Não está vendo? Lembre-se do túnel; não pertence a nenhuma das
                  casas, mas você pode andar por ele e entrar em qualquer uma delas. Não
                  será  este  bosque  uma  coisa  parecida?...  Um  lugar  que  não  pertence  a
                  nenhum dos mundos, mas que dá acesso a todos os mundos?
                         –  Bem...  ainda  que...  –  começou  a  dizer  Polly,  mas  o  amigo  nem
                  parecia ouvi-la.

                         – Isso explica tudo – continuou Digory. – Por isso aqui é tão calmo e
                  sonolento. Nada acontece, nunca. Como no túnel. É dentro das casas que as
                  pessoas conversam e fazem as coisas e comem. Nada existe nos lugares de
                  passagem,  atrás das paredes,  em  cima  dos  tetos  ou debaixo do  assoalho.
                  Mas do nosso túnel podemos passar para todas as casas do quarteirão. Acho
                  que daqui poderemos ir a um lugar fabuloso.

                         – Qual?

                         – Qualquer um. Não precisamos mergulhar no mesmo lago por onde
                  chegamos. Pelo menos não por enquanto.

                         – O Bosque entre Dois Mundos – disse Polly, com olhar sonhador. –
                  Bonito!
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