Page 28 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Fizeram assim e caminharam para um pórtico enorme, que dava para
                  o interior de um dos edifícios. Quando chegaram perto, viram que lá dentro
                  não  era  tão  escuro  quanto  tinham  pensado.  A  vasta  sala  apenumbrada
                  estava vazia, mas, no lado mais distante, erguia-se uma fileira de colunas
                  com  arcos  interligados.  Dos  arcos  jorrava  a  mesma  luz  fatigante.
                  Atravessaram o salão com muito cuidado, temendo encontrar no chão um
                  buraco ou coisa pior. Quando afinal chegaram ao outro lado, cruzaram os
                  arcos e se viram em outro pátio ainda maior.

                         – Aquilo ali não parece muito seguro – disse Polly, apontando para
                  um lugar onde a parede fazia uma barriga, como se estivesse pronta para
                  desabar no pátio. Em certo ponto faltava uma coluna entre dois arcos. Era
                  evidente  que  o  lugar  estava  abandonado  há  centenas,  talvez  milhares  de
                  anos.

                         – Se agüentou até agora, acho que agüenta mais um pouco – disse
                  Digory. – Mas o jeito é não fazer barulho. Você sabe que um barulhinho
                  pode causar um desabamento... como as avalanches de neve nos Alpes.

                         Passaram do pátio a outro pórtico, de lá a uma escadaria, desta a uma
                  fileira  de  salões,  uns  depois  dos  outros,  até  que  se  sentiram  tontos,  tão
                  vastas eram as dimensões de tudo. Estavam sempre imaginando que iriam
                  encontrar  ar  livre,  na  esperança  de  ver,  afinal,  que  espécie  de  região
                  circundava o enorme palácio. Mas só encontravam pátio depois de pátio.
                         Devia  ter  sido  uma  beleza  de  lugar  quando  as  pessoas  ali  viviam.
                  Num dos pátios havia um chafariz, com um grande monstro de pedra de
                  asas abertas e boca escancarada. Embaixo, a larga bacia de pedra, que em
                  outros tempos devia aparar a água, estava mais seca do que um osso ao sol.

                         Em  outros  lugares  restavam  galhos  secos  de  uma  espécie  de
                  trepadeira  que  se  enroscara  pelas  colunas  e  chegara  a  derrubar  algumas.
                  Mas as trepadeiras estavam mortas há muito tempo. Não viram formigas,
                  nem  aranhas,  nem  nenhuma  dessas  criaturinhas  que  costumam  viver  nas
                  ruínas, e, entre as fendas das lajes partidas, nada de capim, nem musgo.

                         Era  tudo  tão  lúgubre  e  monótono,  que  também  Digory  começou  a
                  pensar que talvez fosse melhor colocar o anel amarelo e partir de volta para
                  a  verde  e  cálida  floresta  do  lugar  intermediário.  Foi  quando  chegaram  a
                  uma enorme porta de folhas duplas, feita de um metal que poderia ser ouro.
                  Entreaberta, era um convite a uma olhadela. Os dois olharam e recuaram
                  para tomar fôlego, pois ali finalmente havia algo digno de ser visto.

                         Por  um  instante  acharam  que  o  salão  estivesse  cheio  de  gente,
                  centenas de pessoas, todas sentadas e impecavelmente imóveis. Digory e
                  Polly  também  ficaram  impecavelmente  imóveis  por  um  bom  tempo,  de
                  olhos fixos lá dentro. Por fim chegaram à conclusão de que as criaturas que
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