Page 25 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Pronto! – exclamou Digory. – Tudo certo. Agora, vamos à
exploração. Qualquer lago serve. Vamos experimentar este aqui.
– Um momento! Não vamos fazer uma marca neste lago?
Ficaram pálidos e de olhos arregalados quando perceberam a
extensão da loucura que Digory esteve por cometer. Pois existiam inúmeros
lagos no bosque, todos iguais, e iguais também eram as árvores. Se não
assinalassem o lago que conduzia ao nosso mundo, as possibilidades de
encontrá-lo novamente seriam mínimas.
A mão de Digory tremia quando abriu o canivete e cortou uma boa
braçada de relva na beira do lago. A terra, que cheirava deliciosamente, era
de um vivo castanho-avermelhado, que se distinguia contra o verde.
– Ainda bem que um de nós tem um pouco de juízo – disse Polly.
– Não fique aí contando prosa; vamos logo ver o que há num desses
lagos.
Polly deu-lhe uma resposta ferina e ele respondeu com palavras
ainda mais indelicadas. A briga durou vários minutos, mas seria aborrecido
contar tudo aqui. Vamos saltar para o instante em que ambos, com o
coração aos pulos e caretas de medo, puseram-se à beira do lago
desconhecido, com os anéis amarelos nos dedos e de mãos dadas.
– Um... dois... três... já!
Splash! Mais uma vez não funcionou. Esse lago, também, parecia ser
somente uma poça. Em vez de alcançar um mundo novo, só conseguiram
molhar os pés e as pernas pela segunda vez aquela manhã (se é que era
manhã: o tempo parece ser sempre o mesmo no Bosque entre Dois
Mundos).
– Que droga! – exclamou Digory. – O que está errado agora? Não
pusemos os anéis amarelos? Ele não falou amarelos para as viagens para
fora?
Acontecia o seguinte: o tio André, que não entendia coisa nenhuma
do Bosque entre Dois Mundos, tinha uma idéia errada sobre os anéis. Os
amarelos não eram anéis para ir “para fora” e os verdes não eram para ir
“para casa”. Pelo menos, não como ele pensava. A matéria-prima de que
eram feitos ambos provinha do bosque. O material dos anéis amarelos tinha
o poder de conduzir ao bosque; era matéria querendo retornar às origens.
Mas a matéria dos anéis verdes, pelo contrário, estava querendo evadir, sair
de seu próprio mundo; assim, um anel verde levava do bosque para um
mundo qualquer.
Tio André, entenda, estava trabalhando com coisas que ele próprio
não conhecia muito bem; acontece isso com a maioria dos feiticeiros.