Page 26 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Digory, naturalmente, também não percebeu isso com clareza, a não ser
mais tarde. Mas, depois de muita troca de idéias, os dois decidiram
experimentar os anéis verdes, no mesmo lago desconhecido, só para ver no
que dava.
– Se você topar, eu topo – disse Polly.
Mas disse isso só por estar convencida, lá no fundo do coração, de
que anel nenhum iria funcionar no poço novo; só havia um acidente a
temer, o baque dentro d’água.
Não sei com certeza se Digory estava pressentindo a mesma coisa.
De qualquer maneira, quando colocaram os verdes e voltaram à beira do
lago de mãos dadas, estavam bem mais animados e menos solenes do que
da primeira vez.
– Um... dois... três... já!
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O SINO E O MARTELO
Não pôde haver dúvida sobre a magia dessa vez. Lá se foram eles aos
emboléus, primeiramente através da escuridão e, depois, através de um
turbilhão de formas em movimento, formas que podiam ser quase tudo que
se pode imaginar. Foi ficando mais claro. De repente sentiram que estavam
em cima de algo sólido. Um instante mais e as coisas ficaram em foco; já
podiam distingui-las.
– Que lugar mais estranho! – exclamou Digory. – Não estou
gostando nada daqui! – disse Polly, com um tremor.
Antes de tudo, chamou-lhes a atenção a luz. Não era nada parecida
com a luz do sol. E não era como a luz elétrica, ou de lampiões, ou de
velas, ou qualquer outra luz que já tivessem visto. Era uma luz tristonha,
meio avermelhada, nada comunicativa. Uma luz parada.
Estavam numa superfície plana e pavimentada, com grandes
edifícios ao redor; era uma espécie
de pátio. O céu era de uma escuridão fora do comum, de um azul
quase preto.
– Que clima mais engraçado – disse Digory. – Será que chegamos na
horinha de uma tempestade? Ou de um eclipse?
– Não estou gostando nem um pouquinho – repetiu Polly.