Page 27 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Estavam cochichando, mesmo sem saber por quê. E continuavam de
                  mãos dadas, também sem saber o motivo.

                         As  paredes  ao  redor  do  pátio  eram  muito  altas,  com  janelões  sem
                  vidraças.  Arcos  sobre  colunas  abriam  bocas  escuras  como  túneis  de
                  estradas de ferro. Fazia um friozinho.

                         A pedra das construções parecia vermelha, mas devia ser o reflexo da
                  luz esquisita. Evidentemente era um lugar muito antigo. Muitas das pedras
                  que pavimentavam o pátio estavam rachadas, e nenhuma delas se ajustava
                  bem à outra. Um dos pórticos em arco estava atulhado de destroços.

                         As crianças deram várias voltas, examinando os recantos do pátio.
                  Tinham medo de que alguém – ou alguma coisa – as espreitasse enquanto
                  estivessem de costas.
                         –  Acha  que  existe  alguém  aqui?  –  murmurou  Digory,  tomando
                  coragem.

                         –  Acho  que  não.  Está  tudo  em  ruínas.  Não  ouvimos  nem  um
                  barulhinho até agora.

                         – Vamos ficar quietos e prestar atenção – sugeriu Digory.

                         Apuraram os ouvidos, mas a única coisa que ouviram foi o bate-bate
                  do  coração.  O  lugar  era  no  mínimo  tão  silencioso  como  o  silencioso
                  Bosque  entre  Dois  Mundos.  Mas  era  um  silêncio  diferente.  A  calma  do
                  bosque  era  cálida  e  cheia  de  vida  (quase  que  se  podia  ouvir  as  árvores
                  crescendo); ali, ao contrário, era um silêncio morto, gelado e vazio. Não
                  dava para imaginar uma planta crescendo.

                         – Vamos para casa – disse Polly.
                         – Mas ainda não vimos nada! – protestou Digory. – já que estamos
                  aqui, vamos dar uma espiada. – Aposto que não há nada que interesse neste
                  lugar.

                         – Ora, bolas! Que graça tem encontrar um anel mágico, que leva a
                  gente a outros mundos, se você tem medo quando chega lá e quer dar para
                  trás?

                         – Quem está falando em dar para trás? – protestou Polly, largando a
                  mão de Digory.

                         – Só quis dizer que você não parece muito entusiasmada.
                         – Pois fique sabendo que vou aonde você for.

                         – Além do mais, a gente pode cair fora quando quiser. Vamos pôr os
                  anéis verdes no bolso esquerdo. Não podemos é esquecer que os amarelos
                  estão no bolso direito. Pode ficar com a mão pertinho do bolso, mas não
                  meta o dedo lá dentro: é tocar no amarelo e sumir.
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