Page 267 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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- Chega de perguntas, Darin - disse o rei Luna. - Vejo pela carinha
                  dele que está falando a verdade. Vamos montar. Arranjem um cavalo para
                  o rapaz. Sabe galopar, meu amigo?

                        Em resposta, Shasta meteu o pé no estribo, logo que lhe trouxeram o
                  cavalo,  e  pulou  para  a  sela.  Fizera  isso  com  Bri  umas  cem  vezes  nas
                  últimas semanas. Já não parecia um saco de feno.

                        Ficou contente ao ouvir o lorde Darin falar para o rei:

                        - O  rapaz  tem  a  postura  de  um  verdadeiro  cavaleiro,  Majestade.
                  Garanto que tem sangue nobre.
                        - O sangue dele, aí é que está a questão - respondeu o rei, fixando os
                  olhos em Shasta, com aquela curiosa e ansiosa expressão.

                        - Movimentaram-se todos. Se a postura de Shasta era correta, o freio o
                  atrapalhava, pois jamais usara aquilo quando no dorso de Bri. Com o rabo
                  do  olho  viu  o  que  os  outros  faziam  (como  a  gente  faz  num  banquete,
                  quando não sabe qual faca ou garfo deve usar). Mas nem mesmo ousava
                  dirigir o cavalo; sabia que este seguiria os outros. Embora não fosse um
                  cavalo  falante,  o  animal  tinha  bastante  inteligência  para  perceber  que  o
                  garoto  não  usava  chicote  nem  esporas  e  que  não  era  de  todo  senhor  da
                  situação. Shasta acabou fechando a fila.

                        Respirando bem, sem mosquitos, missão cumprida, pela primeira vez
                  (desde a chegada a Tash-baan, há tanto tempo!) começava a divertir-se.

                        Estranhou  por  não  ver  no  alto  os  picos  das  montanhas,  pois  nunca
                  estivera numa região montanhosa. “São nuvens, já sei. Aqui nas montanhas
                  estamos no céu. Quero saber como é dentro de uma nuvem. Que gozado!”
                  O sol estava quase sumindo à esquerda.

                        Seguiam por uma estrada áspera, em boa velocidade. A certa altura,
                  entraram  no  nevoeiro,  ou  o  nevoeiro  veio  para  cima  deles.  Ficou  tudo
                  cinzento. O cinzento foi virando pardo com alarmante rapidez.
                        À frente da coluna, de quando em quando, soava a trompa, e a cada
                  vez o som parecia vir de mais longe. Shasta por um instante não viu os
                  outros, esperando que, ao fazer a curva, os descobrisse. Pois fez a curva e
                  não  viu  nada.  O  cavalo  ia  a  passo.  “Vamos,  cavalinho,  vamos!”  Ouviu
                  então  a  trompa,  muito  fraca.  Tinha  a  impressão  de  que  alguma  coisa
                  horrorosa  aconteceria  se  cutucasse  um  cavalo  com  os  calcanhares.  Mas
                  parecia o momento de tentar.

                        -  Escute  uma  coisa,  cavalinho:  se  você  não  correr,  meto  meus
                  calcanhares na sua barriga!
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