Page 568 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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(oh, até que enfim!) pôde estender-se sobre alguma coisa macia e quente. E
                  de uma voz que dizia:

                         – Aí ficam vocês. O melhor que podemos dar. Chão frio e duro. E até
                  úmido, é de se esperar. Não dá para tirar uma pestana, é claro, mesmo que
                  não  caia  uma  tempestade  daquelas  ou  que  a  cabana  não  venha  abaixo.
                  Ajeitem-se como puderem...

                         Mas Jill caiu no sono antes que a voz terminasse...

                         Quando  as  crianças  acordaram  no  dia  seguinte  perceberam  que
                  tinham dormido num lugar seco e quente, em camas de palha. A claridade
                  entrava por uma abertura triangular.
                         – Estamos em terra? – perguntou Jill.

                         – Na cabana de um paulama – respondeu Eustáquio.

                         – Na cabana de quem?

                         – Um paulama. Não me pergunte o que é isso. Não consegui vê-lo
                  ontem à noite. Vamos procurá-lo.
                         –  Como  é  chato  acordar  hoje  com  a  roupa  de  ontem  –  disse  Jill,

                  sentando-se.
                         – Engraçado: eu estava pensando como é bom a gente não ter de se
                  vestir.

                         – Nem de se lavar, na certa – replicou Jill, com ar de pouco caso.

                         Mas Eustáquio já estava de pé, bocejando e espreguiçando-se, e logo
                  caiu fora da cabana. Jill fez o mesmo. O que encontraram lá fora era bem
                  diferente do pedacinho de Nárnia visto na véspera. Estavam num terreno
                  muito  plano,  cheio  de  inumeráveis  ilhazinhas,  cortadas  por  incontáveis
                  canais. As ilhas eram cobertas de capim e cercadas de juncos. Nuvens de
                  aves  pousavam  e  revoavam  dos  juncos:  marrecos,  narcejas,  galinholas  e
                  garças. Viam-se por ali muitas cabanas iguais àquela em que passaram a
                  noite,  mas  separadas  a  uma  boa  distância  umas  das  outras,  pois  os
                  paulamas  apreciam  muito  a  privacidade.  A  não  ser  a  floresta,  a  muitos
                  quilômetros  de  distância,  não  se  via  uma  só  árvore.  Para  o  leste,  o
                  alagadiço  estendia-se  na  direção  de  pequenas  colinas  arenosas.  Ao  norte
                  ficavam outras colinas esmaecidas. O resto era alagadiço plano. Um lugar
                  de dar tristeza numa tarde de chuva. Visto ao sol matinal, com um vento
                  refrescante, o ar repleto com os pios das aves, era ainda um lugar solitário,
                  mas tinha seus encantos.

                         As crianças ficaram mais animadas. Jill perguntou:

                         – Onde andará esse tal de paralama!
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