Page 569 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 569
– Paulama – respondeu Eustáquio, orgulhoso de saber o nome certo.
– Acho... olhe lá, só pode ser ele.
Viram logo o paulama, sentado de costas para eles, a uns cinqüenta
metros, pescando. Não era fácil distingui-lo, assim tão quietinho e por ser
quase da mesma cor do alagadiço. Disse Jill :
– Acho que o melhor é bater um papo com ele.
Sentiam-se um pouco nervosos, mas Eustáquio concordou. A medida
que se aproximavam, a figurinha virou a cabeça, mostrando um rosto
magro e comprido, sem barba, bochechas encovadas, boca apertada e nariz
pontudo. Usava chapéu alto, pontudo como uma torre de igreja, de abas
enormes. O cabelo, se é que se pode chamar de cabelo, caído sobre as
grandes orelhas, tinha uma tonalidade cinza-esverdeada, e os tufos lisos
lembravam juncos miúdos. A expressão era solene: via-se logo que levava
a vida a sério.
– Bom dia, meus hóspedes. É verdade que quando eu digo bom dia
não estou querendo dizer que não vá chover... ou nevar... ou trovejar.
Aposto que vocês não conseguiram dormir nem um pouco.
– Pois dormimos muito bem – respondeu Jill. – Passamos uma noite
maravilhosa.
– Ah! – replicou o paulama, sacudindo a cabeça. – Sei que você está
querendo bancar a durona. Faz muito bem. Aprendeu a sorrir na
desventura.
– Qual é o seu nome, por favor? — perguntou Eustáquio.
– Brejeiro. Mas não tem a menor importância se esquecerem. Não
me custa nada continuar dizendo que meu nome é Brejeiro.
As crianças sentaram-se a seu lado, percebendo então que as pernas e
os braços dele eram compridíssimos; apesar de o tronco não ser muito
maior que o de um anão, ele devia ser, em pé, mais alto que a maioria dos
homens altos. Seus dedos das mãos eram ligados por uma membrana, como
os dedos de um sapo, e do mesmo jeito eram seus pés descalços, que ele
balançava dentro da água lodosa. Usava roupas da cor da terra, que eram
muito folgadas para ele.
– Estou tentando pegar umas enguias para fazer um cozido, mas acho
que não vou pegar coisa alguma. E, mesmo que pegasse, vocês não iam
gostar de enguias.
– Por que não? – perguntou Eustáquio.
– Ora, como é que vocês poderiam gostar da nossa comida? De
qualquer maneira, enquanto fico aqui tentando, os dois podiam tentar
acender o fogo; não custa nada tentar! Tem lenha detrás da cabana. Deve