Page 573 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– E agora – acrescentou –, vamos ver como estão aquelas enguias.

                         Pois  foi  uma  refeição  gostosíssima.  No  começo  o  paulama  não
                  acreditou que eles poderiam gostar; quando comeram tanto que não podia
                  haver mais dúvida, começou a achar que aquilo poderia não lhes cair bem.

                         – Comida de paulama, veneno para gente humana. Está na cara.

                         Depois  tomaram  chá  em  latas,  como  os  operários  bebem  café  na
                  estrada, e Brejeiro deu umas boas goladas numa garrafa preta e quadrada.
                  Perguntou se as crianças queriam provar, mas a coisa parecia repugnante.
                         O  resto  do  dia  foi  empregado  em  preparativos  para  a  partida  na
                  manhã seguinte, cedinho. Brejeiro, sendo de longe o mais alto, carregaria
                  três cobertores, com um bom pedaço de toucinho enrolado dentro. Jill devia
                  levar as sobras das enguias, uns biscoitos e a binga. Eustáquio carregaria
                  duas capas, a dele e a dela, quando não precisassem vesti-las. Eustáquio
                  (que  aprendera  a  atirar  um  pouco  na  viagem  ao  Oriente)  levou  o  arco
                  número  dois  de  Brejeiro,  que  ficou  com  o  melhor,  dizendo  que  mesmo
                  assim  (com  aquele  vento,  com  as  cordas  úmidas,  na  luz  de  inverno,  os
                  dedos gelados) a possibilidade de acertarem em alguma coisa era uma em
                  cem.

                         Ele e Eustáquio levavam espadas. Eustáquio trouxera a que deixaram
                  para  ele  no  quarto  em  Cair  Paravel.  Jill  teve  de  contentar-se  com  um
                  canivete.  Ia  saindo  briga  por  causa  disso,  mas  o  paulama,  esfregando  as
                  mãos, foi logo dizendo:

                         –  Já  sabia  disso;  é  o  que  acontece  em  geral  quando  as  aventuras
                  começam.

                         Calaram-se logo. E foram dormir cedo na cabana. Dessa vez a noite
                  para as crianças não foi de fato excelente. Pois Brejeiro, depois de dizer
                  “acho que ninguém vai fechar o olho esta noite”, começou na mesma hora
                  a  roncar  alto  e  sem  parar.  Quando  Jill  conseguiu  por  fim  adormecer,
                  sonhou  o  resto  da  noite  com  perfuratrizes  de  asfalto,  cachoeiras  e  trens
                  expressos atravessando túneis.
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