Page 585 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Oh! Olhem, olhem, olhem! – gritou Jill.
Na direção norte, bem acima do lugar onde estavam, via-se uma
fileira de luzes. Não havia mais dúvidas; tratava-se de janelas, janelinhas
que os faziam pensar nas delícias de um quarto, e janelonas que os faziam
pensar em espaçosos salões com lareiras crepitantes, sopa quente e lombos
fumegantes.
– Harfang! – exclamou Eustáquio.
– Perfeito! – comentou Brejeiro. – Mas eu estava dizendo...
– Oh, cale a boca! – replicou Jill, zangada. – Não temos um minuto a
perder. Não se lembra do que disse a dama? Temos de chegar cedo, temos
e temos. Vai ser de morte, mesmo, se ficarmos do lado de fora numa noite
como esta.
– Ainda não é bem noite... – iniciou Brejeiro. Mas as duas crianças
começaram a seguir aos
trambolhões, tão depressa quanto possível. O paulama ia atrás,
falando sempre, embora não fosse mais possível entender o que dizia. E
nem queriam. Pensavam em banhos, camas e bebidas quentes. A idéia de
um atraso era insuportável.
Apesar da pressa, levaram longo tempo para cruzar o topo da colina.
Depois tiveram de descer para o outro lado. Só então tiveram a
oportunidade de ver o que era Harfang.
Harfang ficava no alto de um elevado rochedo. Apesar de possuir
muitas torres, parecia mais uma casa enorme que um castelo. Era evidente
que os gigantes amáveis não receavam um ataque. Havia janelas no
paredão externo quase rentes ao chão – coisa que não encontramos em
fortalezas sérias. Havia até umas bizarras portinhas, aqui e ali, que
permitiam entrar no castelo sem ter de atravessar o pátio. Isso melhorou o
moral de Jill e Eustáquio. O lugar parecia mais amistoso e menos
proibitivo.
A princípio, o rochedo alto e íngreme os assustara, mas reparavam
agora que existia um caminho mais suave à esquerda. Foi uma escalada
penosa depois da longa jornada, e Jill quase chegou a desistir; Eustáquio e
Brejeiro tiveram de ajudá-la nos últimos cem metros. Finalmente pararam
diante do portão do castelo. A porta levadiça estava erguida e a entrada era
franca.
Por mais cansados que estejamos, é preciso ter nervos de aço para
entrar na morada de um gigante. E, apesar de todas as suas advertências
anteriores sobre Harfang, foi Brejeiro quem demonstrou mais coragem.