Page 668 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Ah-h-h! – ofegou a dríade, estremecendo como se sentisse dores. E
de instante em instante estremecia novamente, como se estivesse recebendo
golpes contínuos. Então, de súbito, caiu de lado, tão de repente como se
alguém lhe tivesse arrancado de um golpe ambos os pés debaixo do corpo.
Durante alguns segundos eles a viram ali, estirada na grama, morta; depois
ela se desvaneceu. Sabiam o que havia acontecido: a árvore dela, a
quilômetros de distância, tinha sido derrubada.
O rei ficou tão furioso que, por algum tempo, nem conseguiu falar.
Por fim disse:
– Venham, meus amigos. Vamos subir o rio e descobrir quem são os
vilões que estão fazendo isso, o mais depressa possível. Não deixaremos
nem um deles vivo!
– Sim, senhor, com todo o prazer! – concordou Precioso.
Mas Passofirme retrucou:
– Senhor, cuidado com a vossa justa ira. Coisas muito estranhas
andam acontecendo. Se existirem rebeldes armados lá para as bandas do
Ermo do Lampião, nós três somos muito poucos para enfrentá-los. Caso
vos dignásseis a esperar um pouco, enquanto...
– Não vou esperar nem um décimo de segundo! – interrompeu o rei.
– Mas enquanto eu e Precioso seguimos, galope o mais rápido que puder
até Cair Paravel. Tome aqui o meu anel como garantia. Arranje-me um
batalhão de homens armados, todos bem montados, e também um batalhão
de cães falantes, dez anões (todos eles excelentes arqueiros!), um leopardo
ou coisa parecida e ainda o gigante Pé-de-Pedra. Leve todos eles ao nosso
encontro o mais depressa possível.
– Com todo o prazer, senhor – disse Passofirme, voltando-se de uma
vez para o Oriente. E disparou a galope na direção do vale.
O rei afastou-se a passos largos, ora falando sozinho, ora cerrando os
punhos. Precioso seguia ao seu lado, sem dizer nada; entre os dois não se
ouvia som algum, a não ser o leve tilintar de uma rica corrente de ouro que
o unicórnio trazia ao pescoço e o barulho de dois pés e quatro patas.
Logo alcançaram o rio e começaram a subir por uma estrada coberta
de grama. Agora tinham a água à sua esquerda e a floresta à direita. Pouco
depois chegaram a um lugar onde o terreno era ainda mais irregular e uma
mata espessa descia até a beira da água. A estrada – aliás, o que restava
dela – seguia agora pela margem sul e eles tiveram de vadear o rio para
alcançá-la. A água dava quase nos ombros de Tirian. Precioso, que por ter
quatro pernas tinha muito mais estabilidade, colocou-se à sua direita a fim
de quebrar a força da corrente. Com seus braços fortes Tirian agarrou-se ao
potente pescoço do unicórnio e assim os dois chegaram a salvo do outro