Page 687 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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estaremos a salvo enquanto traçamos nossos planos. E, agora, por que não
                  me dizem quem são? Gostaria de saber a sua história.

                         – Eu sou Eustáquio e esta é Jill – disse o menino. – Já estivemos aqui
                  uma vez, séculos e séculos atrás, e há mais de um ano, segundo o nosso
                  tempo.  Tinha  um  sujeito  chamado  príncipe  Rilian,  que  estava  preso  no
                  mundo subterrâneo, e aí Brejeiro...

                         – Ah! – exclamou Tirian. – Então vocês são o Eustáquio e a Jill que
                  libertaram o rei Rilian do seu longo encantamento? !

                         –  É,  somos  nós  mesmos  –  disse  Jill.  –  Quer  dizer,  então,  que  ele
                  agora é o rei Rilian, hein? É claro, tinha que ser... Eu ia me esquecendo...
                         – Bem – disse Tirian –, eu sou o último na sua descendência. Ele
                  morreu há mais de duzentos anos.

                         Jill fez uma careta, dizendo:

                         – Bolas! Isso é que é chato quando se volta a Nárnia! – Eustáquio,
                  porém, continuou:

                         –  Bem,  senhor,  agora  já  sabe  quem  somos  nós.  E  foi  assim  que
                  aconteceu:  o  professor  Digory  e  tia  Polly  tinham  reunido  todos  nós,  os
                  amigos de Nárnia.

                         – Esses nomes eu não conheço – disse Tirian.
                         – São os dois que vieram a Nárnia bem no comecinho, no dia em que
                  todos os bichos aprenderam a falar.

                         –  Pela  Juba  do  Leão!  –  exclamou  Tirian.  –  Aqueles  dois!  Lorde
                  Digory e Lady Polly! Pela madrugada! E ainda vivos, no mesmo lugar? !
                  Maravilha das maravilhas! Mas me contem, me contem!

                         – Para dizer a verdade, ela não é bem nossa tia – disse Eustáquio. – O
                  nome dela é senhorita Plummer,  mas nós a chamamos de tia Polly. Pois
                  bem: os dois reuniram todos nós, em parte para nos divertirmos um pouco,
                  para a gente bater um bom papo a respeito de Nárnia (pois, como sabe, não
                  tem ninguém mais com quem a gente possa conversar sobre essas coisas).
                  Mas  também  porque  o  professor  tinha  a  impressão  de  que,  de  alguma
                  forma,  alguém  estava  precisando  de  nós  por  aqui.  E  foi  então  que  você
                  apareceu lá feito um fantasma, ou sei lá o quê, e quase nos matou de susto,
                  e depois se evaporou sem dizer uma palavra. Depois disso, já sabíamos por
                  certo  que  alguma  coisa  errada  andava  acontecendo.  A  questão  agora  era
                  como chegar até aqui. A gente não pode vir assim, só por querer. Depois de
                  muita discussão, o professor chegou à conclusão de que o único jeito era
                  usar os anéis mágicos. Foi através desses anéis que ele e tia Polly chegaram
                  aqui, muito tempo atrás, quando ainda eram crianças. Mas os anéis haviam
                  sido  enterrados  no  quintal  de  uma  casa  em  Londres  (Londres  é  a  nossa
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