Page 688 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 688

grande cidade, senhor), e a casa tinha sido vendida. O problema agora era
                  como consegui-los. Você nem imagina o que acabamos fazendo! Pedro e
                  Edmundo (isto é, Pedro, o Grande Rei, aquele que falou com você) foram a
                  Londres, planejando entrar no quintal pelos fundos, de manhã bem cedinho,
                  antes  que  o  pessoal  da  casa  acordasse.  Vestiram-se  de  trabalhadores,
                  porque se alguém os visse pensaria que tinham ido fazer algum reparo nos
                  esgotos.  Gostaria  de  ter  estado  ali  com  eles.  Deve  ter  sido  divertido  pra
                  valer. E acho que deu tudo certo, pois no dia seguinte Pedro nos mandou
                  um telegrama (é um tipo de recado, senhor; qualquer hora dessas eu lhe
                  explico), dizendo que havia conseguido os anéis. No dia seguinte, Jill e eu
                  teríamos de voltar para a escola; do grupo todo, somos os únicos que ainda
                  estudam,  e  estamos  na  mesma  escola.  Ficou  combinado  que  Pedro  e
                  Edmundo nos encontrariam num determinado lugar a caminho da escola,
                  para nos entregar os anéis. Tinha de ser nós dois, pois os mais velhos já não
                  podiam mais vir a Nárnia. Assim, embarcamos no trem (uma coisa que as
                  pessoas  usam  para  viajar  em  nosso  mundo:  uma  porção  de  vagões

                  engatados  um  no  outro).  O  professor,  tia  Polly  e  Lúcia  vieram  conosco,
                  pois queríamos ficar todos juntos, o máximo de tempo possível. Pois bem,
                  lá estávamos nós no trem. Ao chegarmos à estação onde os outros deveriam
                  nos encontrar, pus-me a olhar pela janela para ver se conseguia avistá-los,
                  quando, de repente, veio um tremendo solavanco e um barulhão. E aí nos
                  achamos em Nárnia e vimos Sua Majestade amarrado àquela árvore.
                         – Quer dizer que vocês nem usaram os anéis?

                         – Não – disse Eustáquio. – Nem sequer os vimos. Aslam fez tudo por
                  nós à sua própria maneira, sem anel algum.

                         – Mas o rei Pedro deve estar com os anéis –disse Tirian.
                         –  Sim  –  respondeu  Jill.  –  Mas  não  creio  que  possa  utilizá-los.

                  Quando  os  outros  dois  (quer  dizer,  o  rei  Edmundo  e  a  rainha  Lúcia)
                  estiveram  aqui  a  última  vez,  Aslam  lhes  disse  que  eles  nunca  mais
                  voltariam a Nárnia. E disse a mesma coisa ao Grande Rei, só que há muito
                  mais tempo. Eu lhe garanto que, se Aslam deixasse, ele viria que nem uma
                  bala!
                         – Caramba! – queixou-se Eustáquio. – Este sol está ficando quente.
                  Já estamos chegando, senhor?

                         – Vejam! – disse Tirian, apontando à frente. Não muito adiante deles
                  erguiam-se umas muralhas cinzentas acima do topo das árvores. Depois de
                  andarem alguns minutos deram com uma clareira toda coberta de grama,
                  onde corria um pequeno riacho. No extremo deste, via-se uma torre baixa e
                  quadrada, com umas poucas janelas estreitas e, na parede de frente, uma
                  porta que parecia bem pesada.
   683   684   685   686   687   688   689   690   691   692   693