Page 73 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Pois ainda acho que é uma árvore – disse o javali.

                         – Se é árvore – disse o outro urso –, deve ter casa de abelhas.

                         –  Tenho  a  absoluta  certeza  de  que  não  é  uma  árvore  –  opinou  o
                  texugo. – Tive a impressão de que ele tentou falar antes de desabar.

                         – Foi o vento – disse o javali.
                         – Você não está querendo dizer – disse a gralha ao texugo – que se
                  trata de um animal falante! Ele não disse nada!

                         – Seja como for – disse á Sra. Elefanta –, deve ser algum tipo de
                  animal.  Aquela  bola  esbranquiçada  não  é  de  certo  modo  uma  cara?  E
                  aqueles buraquinhos não podem ser olhos e boca? Nariz não tem, é claro...
                  mas  quem  não  tem  vistas  estreitas  sabe  muito  bem  que  poucos  animais
                  dispõem  do  que  se  pode  chamar,  com  propriedade,  um  Nariz.  –  E  ela
                  espichou a tromba toda, com perdoável orgulho.

                         –  Tenho  sérias  objeções  a  fazer  com  respeito  a  essa  observação  –
                  protestou o buldogue.

                         – Dou meu apoio irrestrito à Sra. Elefanta – afirmou a anta.

                         – Pois vou dizer uma coisa: talvez seja um animal que não sabe falar,
                  mas pensa que sabe. – O autor dessa opinião brilhante foi o burro.
                         –  Será  que  ele  não  pode  ficar  em  pé?  –  falou  a  elefanta,
                  pensativamente.  Apanhou  do  chão  a  massa  bamba  do  tio  André,  com
                  delicadeza, colocando a “coisa” em posição vertical, mas de cabeça para
                  baixo. Azar. As moedas que sobraram do almoço com a feiticeira rolaram
                  pelo chão. Tio André teve outro desmaio.

                         – Não disse? – falaram várias vozes. – Não é animal coisa nenhuma.
                  Não tem vida.

                         – Já disse para vocês que é um animal – disse o buldogue. – Cheirem
                  por si mesmos.

                         –  Cheirar não  é  tudo  –  redargüiu  a  Sra.  Elefanta.  –  Essa  é  boa! –
                  replicou o buldogue. – Se um sujeito não pode confiar no seu nariz, vai
                  confiar em quê?
                         – Na cabeça, talvez – disse a Elefanta, com doçura.

                         – Não aceito de modo algum essa observação – disse o buldogue.

                         – Enfim, precisamos fazer alguma coisa – respondeu a Sra. Elefanta.
                  – Pois pode tratar-se do vau, e o vau tem de ser mostrado a Aslam. O que
                  acha a maioria? Trata-se de um animal? Ou será alguma coisa feito árvore?
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