Page 74 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Árvore! Árvore! – disseram dezenas de vozes. – Muito bem! –
falou a Sra. Elefanta. – Já que é árvore, está pedindo para ser plantada.
Vamos fazer uma cova.
As toupeiras encarregaram-se dessa parte com presteza. Discutiu-se
depois de que lado tio André deveria ser enfiado na cova, e por um triz não
foi colocado de cabeça. Diversos animais disseram que as pernas deviam
ser galhos e, assim sendo, a coisa cinzenta e fofa (a cabeça) devia ser a raiz.
Mas outros opinaram que a forquilha do outro lado estava mais enlameada
e era mais longa: deviam ser as raízes. Foi desse modo que o tio André foi
plantado de cabeça para cima. Quando terminaram, a terra lhe dava pelos
joelhos.
– Está tão murcho! – observou o burro.
– Precisa ser regado – disse a Sra. Elefanta. – Sem querer ofender
qualquer um dos presentes, acho que, para essa tarefa, o meu nariz...
– Protesto! – replicou o buldogue.
A elefanta andou com tranqüilidade até o rio, encheu a tromba e
voltou a tio André. O sagaz animal lançou litros de água no velho. A água
escorria pelas abas da casaca, como se o homem tivesse tomado banho com
roupa. Por fim, ele voltou a si. Que despertar indescritível! Mas deixemos
que ele medite sobre seus malfeitos (se é que seria capaz de ser tão sensato)
e tratemos de coisas mais importantes.
Morango seguiu trotando até encontrar Aslam e os conselheiros.
Digory bem sabia que não poderia interromper reunião tão solene, mas não
teve necessidade disso. A uma palavra de Aslam, o elefante, os corvos e os
outros afastaram-se um pouco. Digory apeou do cavalo e achou-se face a
face com Aslam, que era maior, mais belo, mais reluzentemente dourado e
ainda mais terrível do que pensara. Não ousou fitá-lo nos olhos.
– Por favor, Sr. Leão... Aslam... Senhor, será que podia... posso eu...
por favor... o senhor me daria um fruto desta terra... mágico... que curasse a
minha mãe?
Esperava desesperadamente que o Leão dissesse “Sim”; seria
pavoroso se dissesse “Não”. Mas, para seu espanto, não foi uma coisa nem
outra.
– É este o rapaz – disse Aslam, olhando não para Digory, mas para
os conselheiros. – O rapaz que fez isso.
– Oh, e agora? Que será que eu fiz?
– Filho de Adão – falou Aslam –, há uma feiticeira na minha nova
terra de Nárnia. Diga a estes bichos como ela chegou aqui.