Page 732 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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batalhão de cavalos falantes de Nárnia disparava colina acima. Os roedores
                  haviam cumprido sua missão.

                         Poggin e as crianças abriram a boca para saudá-los, mas a saudação
                  nem lhes chegou aos lábios. De repente o ar se encheu do som de arcos
                  zunindo  e  de  flechas  sibilando.  Eram  os  anões  que  atiravam  –  e  (no
                  primeiro instante, Jill mal podia acreditar nos próprios olhos), o que é pior,
                  atiravam contra os cavalos. Os anões são arqueiros mortais. Um após outro,
                  os cavalos foram rolando ao chão. Nem um sequer daqueles nobres animais
                  chegou a alcançar o rei.

                         – Porquinhos miseráveis! – estourou Eustáquio, tremendo de raiva. –
                  Gentinha imunda, nojenta, brutinhos traidores!

                         – Senhor, quer que eu corra atrás daqueles anões e espete uns dez de
                  cada vez com o meu chifre? – disse Precioso, fora de si.
                         O rei, porém, cujo rosto estava rígido como uma rocha, respondeu:

                         – Calma, Precioso! E você, minha querida (referia-se a Jill), se vai
                  mesmo chorar, vire o rosto para o lado e cuide para não molhar a corda do
                  arco.  Você,  Eustáquio,  controle-se  e  não  fique  aí  xingando  feito  um
                  moleque  de  rua!  Um  guerreiro  nunca  diz  palavrões.  Palavras  corteses  e
                  golpes duros são sua única linguagem.

                         Entrementes, os anões começaram a debochar de Eustáquio:

                         –  Pegamos  você  de  surpresa,  não  foi,  garotinho?  Pensava  que
                  estávamos do seu lado, hein? Nem se iluda! Não queremos saber de cavalos
                  falantes! Para nós tanto faz ganharem vocês ou a outra corja. Vocês não
                  nos enganam! Vivam os anões!

                         Rishda  Tarcaã  continuava  parado,  conversando  com  seus  homens,
                  provavelmente  combinando  tudo  para  o  próximo  ataque  e,  quem  sabe,
                  lamentando  não  ter  mandado  a  tropa  inteira  logo  da  primeira  vez.  Os
                  tambores  continuavam  a  rufar.  Então,  para  o  seu  desespero,  Tirian  e  os
                  amigos escutaram, bem fraquinho, como se viesse de muito longe, um rufar
                  de tambores em resposta. Uma outra turma de calormanos captara o pedido
                  de  socorro  de  Rishda  e  estava  vindo  em  seu  auxílio.  O  rosto  de  Tirian,
                  porém, não deixava entrever o mínimo sinal de que houvesse perdido as
                  esperanças.
                         –  Escutem  –  disse  ele,  com  uma  voz  de  quem  não  está  muito
                  preocupado –, é melhor atacarmos agora, antes que esses canalhas recebam
                  reforços de seus amigos.

                         – Senhor – disse Poggin –, é bom levarmos em consideração que,
                  aqui,  temos  às  nossas  costas  a  parede  do  estábulo.  Não  acha  que,  se
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