Page 144 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
P. 144
22. O meu escolher ser professora – Por Caroline Subirá Pereira
Muito provavelmente eu seja a última pessoa a escrever minha trajetória, no início
quando recebi a proposta e importância da autobiografia, achei muito interessante, mas
não consegui perceber fatos importantes da minha história de vida relacionadas à
educação, porém somente até eu ler o relato de uma de minhas amigas (se não a melhor
amiga que já tive). Quando li o relato dela, no primeiro momento pensei: poxa, minha
trajetória é muito diferente da dela, não parece não ter tantos fatos marcantes, inclusive
parece que não me lembro de nada importante... Mas ao continuar a leitura percebi o
quanto de relação pode existir entre o que ela viveu e o que ela é hoje como pessoa,
professora, pesquisadora, doutora em ensino.
De fato, se pararmos para pensar, há muita coisa para contar (e pensar). Então
decidi pegar o notebook, sentar e colocar as palavras da mente na tela. Logo eu, aquela
pessoa tão direta, que gosta de ser sempre objetiva e resumida. Pois é, só agora, depois
de tantas discussões percebi, de verdade, a importância disso.
Sou a segunda e última filha de um casal que planejou muito bem cada uma de
suas gestações. Segundo minha mãe, eu sou fruto de uma relação do dia 25 de dezembro
de 1990, com a janela aberta e uma determinada lua (não me lembro qual agora), pois
aumentaria a probabilidade de ser uma menina. Assim foi e nasci no dia 20 de setembro
de 1991, com uma cesárea agendada por desejo de minha mãe. Tudo muito programado,
meu irmão já com 4 anos ajudava minha mãe com tarefas simples.
Meu pai agricultor se ocupava com os cuidados de suas próprias terras e mais
alguns alqueires que arrendava. Minha mãe do lar se dedicava totalmente a casa e a
educação dos filhos. Uma família bastante tradicional, morávamos na zona urbana,
apesar de ter sítio. Meus pais moraram na zona rural apenas no início do casamento, mas
quando eu nasci eles já moravam na cidade, mais especificamente em uma casa nos
fundos dos meus avós paternos.
Meu pai reprovou no último ano do 2º grau, não por falta de aprendizagem, ele
sempre foi muito inteligente e elogiado pelos professores, foi algum relaxo dele que não
entregou algum trabalho, pois não tinha muita razão seus estudos já que ele sempre quis
seguir suas atividades na agricultura como já sabia fazer muito bem. Minha mãe também
não finalizou os estudos no 2º grau, pois quando sua irmã se casou e parou os estudos
por conta da gravidez precoce ela não queria ir para a escola sem a irmã e resolveu parar
142
PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES