Page 15 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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poste e de um pinheiro que havia na frente da escola. Sempre ajudava meus colegas com
cálculos e explicava o conteúdo. Hoje, estudando um pouco mais sobre o ensino e a
aprendizagem de matemática, sei que não tive uma aprendizagem tão efetiva, pois era
muito frequente que as professoras passassem apenas as expressões desvinculadas de
situações-problemas, o que me fez esquecer de boa parte das coisas que estudei. Nas
provas eu fazia geralmente três, pois resolvia a minha e de mais duas colegas, talvez elas
fossem próximas a mim por isso, depois que passamos a estudar em turmas separadas
perdemos a proximidade e o contato.
A professora da 6ª série foi a que mais me incomodou na Matemática. Ela era
carrasca no sentido mais cruel da palavra. Mesmo eu sendo boa aluna ficava muito
nervosa quando era minha vez de ir ao quadro. Ela organizava que cada dia uma fila ia
ao quadro resolver exercícios, alguns colegas trocavam de lugar nos seus dias, pois
sabiam que era humilhação pura. Outra coisa que ela fazia era prova de tabuada, ditava
dez expressões para respondermos, se a gente escrevia um número errado, diferente do
que ela tinha ditado, já não obtinha a pontuação, mesmo acertando o resultado.
Qualquer conta errada eliminava o ponto inteiro da prova. Ainda bem que tive aula com
ela apenas neste ano.
Não tenho recordações dos conteúdos que estudei na disciplina de história ou de
Arte, a professora de História sequer escrevia no quadro, pedia para algum aluno passar
questões e na outra aula outro aluno passava as respostas, assim foram as aulas desde a
quinta até a 7ª série, quando trocou o professor e este já passava algumas coisas
diferentes, mas apenas do livro didático. Lembro de um trabalho sobre a 1ª Guerra
Mundial solicitado pelo professor, eu e minha irmã fizemos à mão, em folhas de papel
almaço, pesquisamos na biblioteca da cidade e escrevemos com nossas palavras, mas
nossa nota foi baixa, diferente de colegas que realizaram a pesquisa na Internet e
digitaram o trabalho. Questionamos isso, mas não tivemos vez nem voz.
Sempre gostei de desenhar e desenhava bem, mas as aulas de Arte me cansavam,
pois a professora focava em pedir desenhos de datas comemorativas e quando não tinha
nenhuma data era desenho livre. Depois de pedir isso ela se sentava na cadeira e
aguardava o sinal de fim da aula. Semelhante ao que fazia a professora de História.
Novamente na 8ª série trocamos de professora e aí passamos a ter aulas de verdade.
Lembro de um vídeo sobre como calcular luz e sombra, de cartões de Natal de papel
dobradura, da leitura do quadro As Meninas, de Diego Velázquez, da releitura de uma
obra que agora não recordo se era uma que retratava a Independência do Brasil ou outro
marco histórico. Lembro apenas que tinha cavalos e homens com armas. Aquelas aulas
me encantavam. Acredito que aprendi mais História nessas aulas que nas da disciplina
própria.
Gostava muito das aulas de Geografia e acredito que tenha tido bons professores
dessa disciplina. Lembro das discussões que envolviam a geografia política, a
globalização e as taxas de natalidade. Não recordo muito das questões que envolviam
mapas ou outros conceitos e conteúdos da disciplina, talvez pelo fato de gostar mais de
geografia política, de pensar mais criticamente sobre o sistema. Até pensei em estudar
Geografia na graduação, esse era um dos meus sonhos não concretizados, assim como
de cursar Engenharia Florestal.
Tive professores de ciências diferentes nos quatro anos dos anos finais do Ensino
Fundamental. O da 5ª série era bastante rígido e não lembro do conteúdo que passou,
da 6ª série a professora passava a maior parte do tempo saindo da sala. Lembro que foi
a disciplina que amarguei uma nota baixíssima (5,7). Depois tive aulas com essa mesma
professora na graduação. Era a disciplina de Pensamento Matemático e o hábito de sair
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PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES