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MARXISMO E A QUESTÃO NACIONAL (...)  | PAUTASSO - FERNANDES - DORIA


               a luta pela libertação nacional num sistema internacional de Estados
               econômica e politicamente hierarquizados, com temporalidades e está-
               gios diversos de lutas . Poucas nações não poderiam ditar as regras no
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               mundo, segundo seus próprios interesses, à custa da dignidade de vários
               povos que, do mesmo modo, deveriam ter seus direitos políticos reco-
               nhecidos, apesar da recusa da burguesia liberal e dos social-chauvinistas.
                     Em um Informe da Comissão para os problemas nacional e colo-
               nial da II Internacional, Lênin (1979 [1920]), já como líder da revolu-
               ção vitoriosa na Rússia, dividiu em três pontos a sua tese. Em primeiro
               lugar, a ideia mais importante sobre a questão nacional era a necessária
               distinção entre nações oprimidas e nações opressoras. O aspecto distin-
               tivo do imperialismo consistiria em que um número insignificante de
               nações, com riqueza e força militar descomunais, oprimia um grande
               número de nações integrantes da imensa maioria da população mun-
               dial . Em segundo lugar, o movimento comunista precisaria levar em
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               conta que a obsessão dos países imperialistas seria constranger o nas-
               cente Estado Soviético. E, em terceiro lugar, os comunistas deveriam
               apoiar os movimentos democráticos burgueses nos países atrasados.
                     No caso da formação da URSS, transparecem os desafios da prá-
               xis e do entrelaçamento entre o nacional e o internacional. Ou seja, a
               questão nacional se apresentou, primeiramente, com complicadas ta-
               refas relativas à construção de um novo projeto de Estado e sociedade
               a partir de bases feudais, sob cerco internacional e com uma variedade
               de 120 etnias e línguas. Segundo, a construção (multi)nacional sovié-
               tica se articulou ao imperativo de impulsionar o movimento comunista
               globalmente com a formação da Internacional Comunista em 1919 e a
               consequente criação de partidos em muitos países do mundo. Em suma,
               a diretriz internacional dos comunistas era lutar pela libertação nacional,
               mostrando não apenas a sinuosidade das lutas políticas, como a neces-
               9  Lênin (1964 [1924]) identificava três conjuntos de países quando se examina o problema da autodeterminação:
               “Primeiro tipo: países avançados da Europa Ocidental (e América), onde o movimento nacional é uma coisa do
               passado. Segundo tipo: Europa Oriental, onde é uma coisa do presente. Terceiro tipo: semicolônias e colônias, onde
               é em grande parte uma coisa do futuro”.
               10  A crescente opressão dos países imperialistas é determinante para o reconhecimento do direito à autodetermi-
               nação dos povos. Cf. Andreucci (1984, p. 276).

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