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MARXISMO E A QUESTÃO NACIONAL (...)  | PAUTASSO - FERNANDES - DORIA


               contradições das políticas, mas de reconhecê-las em seu tempo histó-
               rico, de predomínio do racismo ocidental, e em seu quadro geopolítico,
               de revolução, cerco militar e guerras. Ou seja, entre autonomia irrestrita
               e opressão nacional há um universo de condições e possibilidades que
               determinam ações e aprendizados.


                         3. O entrelaçamento nacional-internacional e
                                   a contribuição de Losurdo


                     A questão nacional tem sido uma temática complexa, uma vez
               que se entrelaça: i) com o próprio amadurecimento teórico do marxis-
               mo; ii) com as transformações do capitalismo e do sistema internacio-
               nal; e iii) com o caráter multifacetado e multiescalar das lutas de classes
               e do imperialismo. São muito importantes as contribuições que Dome-
               nico Losurdo ofereceu ao debate, ao estudar ao longo de sua obra o
               entrelaçamento entre nacional e internacional.
                     De acordo com ele, a interação entre a questão nacional e o in-
               ternacionalismo permeia o processo emancipatório. Ele lembra que a
               palavra de ordem internacionalista (“Proletários de todos os países,
               uni-vos”) do Manifesto do Partido Comunista se complementa com outra
               famosa palavra de ordem da Mensagem inaugural da Internacional dos Tra-
               balhadores (“de maneira explícita chama os trabalhadores da Inglaterra,
               e dos países industriais mais avançados, a apoiarem a luta de ‘libertação
               nacional’ da qual são protagonistas nações como a Irlanda e a Polô-
               nia”). Ou, como dizia Mao, “o patriotismo é uma aplicação do interna-
               cionalismo” (LOSURDO, 2015a, p. 153-185).
                     Ao invés de uma contradição, trata-se de uma compreensão que
               evidencia a inexistência da clara distinção entre questão nacional e
               questão operária, entre luta nacional e luta de classes. No que chama de
               teoria geral do conflito social, as lutas de classes assumem diversas formas,
               não se restringindo a sujeitos diretamente antagonistas. Ao invés da
               leitura binária dos conflitos sociais, Losurdo (IBIDEM, p. 168) enfatiza



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