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LOSURDO. PRESENÇA E PERMANÊNCIA


           rantidor das condições necessárias para a acumulação e a coerção social,
           passando pelas relações de propriedade e pela estabilidade dos contra-
           tos. E cabe ao imperialismo resolver o problema dos Estados “falidos”,
           manter outros subalternos e evitar os desafiantes, através do controle
           político e militar do sistema global de Estados múltiplos, estruturados numa
           complexa relação de subordinação (WOOD, 2014).
                Um dos pares dialéticos que atravessam a questão nacional é a
           relação tensa e contraditória entre, de um lado, integridade territorial
           e soberania e, de outro, autodeterminação dos povos e luta de liberta-
           ção nacional. Se é possível considerar que praticamente nenhum país
           é homogêneo em termos étnico-culturais, tal diversidade não pode ser
           pretexto para separações indefinidas. Até porque aspirações a territórios
           homogêneos dialogam mais com a xenofobia e o racismo do que com a
           autodeterminação. Aliás, como destacam Domingos e Martins (2007, p.
           16), muitos dicionários registram vocábulos xenofobismo e separatismo
           como sinônimos de nacionalismo. Como equacionar a dialética integrida-
           de-autodeterminação?
                Analisando em perspectiva histórica, Losurdo (2015a, p. 170)
           lembra o caso da independência do Panamá (1903), instrumentalizada
           pelos Estados Unidos para fins muito objetivos de construção do canal
           que deveria ligar o Atlântico ao Pacífico. O próprio Lênin já destacava
           que os movimentos das pequenas nacionalidades podem ser manobra-
           dos pelo imperialismo segundo seus interesses. Foi o que ocorreu nos
           anos 1990 com a desintegração da Iugoslávia e agora acontece com o
           separatismo no Tibete e Xinjiang (China) ou com a Chechênia (Rússia)
           e os movimentos independentistas do Baluchistão (Irã), cuja conver-
           gência com os interesses dos Estados Unidos e seus aliados é nítida.
           Essas reinvindicações nacionais, ao serem assimiladas pelos interesses
           imperialistas, constituem-se em grave ameaça para a emancipação das
           nações (IDEM, IBIDEM, p. 171). Em outras palavras, a real opressão na-
           cional de algumas minorias se converte em oportunidade para que po-
           tências explorem outras contradições internacionais.



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