Page 119 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
P. 119

levar habilidosamente a garota inexperiente. Tinha-se de gozá-la pelo processo normal e, depois,
  o  que  poderia  ser  melhor  do  que  uma  garota  que  estava  tendo  as  suas  primeiras  sensações
  sexuais e gostando delas? Era tão bom deflorá-las! Era tão bom fazê-las passar as pernas em
  torno da gente! As coxas delas tinham cores diferentes, as nádegas também, a pele delas tinha
  cores diferentes e sombras de branco, castanho e queimado, e quando ele dormiu com aquela
  garota preta em Detroit, uma garota direita, não uma prostituta, que era filha de um cantor de
  jazz no mesmo cabaré em que ele trabalhava, ela tinha sido uma das coisas mais agradáveis que
  ele  já  tivera.  Seus  lábios  realmente  tinham  gosto  de  mel  de  abelha  quente  misturado  com
  pimenta, sua pele escura era suculenta, cremosa, e ela era tão meiga como Deus jamais fizera
  outra mulher igual, e era virgem.
    Muitos  homens  estão  sempre  falando  em  chupar  isso  e  aquilo  e  em  outras  perversões
  sexuais, mas ele realmente não apreciava muito tais coisas. Já não gostava tanto de uma garota
  depois que eles faziam uma dessas anormalidades; isso não o satisfazia plenamente. Ele e a sua
  segunda mulher finalmente passaram a se desentender porque ela preferia tanto as perversões
  sexuais a ponto de não querer mais outra coisa, e ele tinha de brigar para trepar normalmente.
  Ela começou a ironizá-lo e a chamá-lo de quadrado, e espalhou-se a notícia de que ele gozava
  como uma criança. Talvez fosse por isso que a garota da noite anterior o rejeitara. Bem, para o
  diabo com tudo, ela não seria uma boa trepada, de qualquer forma. Podiam-se conhecer logo as
  garotas  que  realmente  gostavam  de  trepar,  as  quais  eram  geralmente  as  melhores.
  Especialmente as que não faziam isso há muito tempo. O que ele realmente detestava eram as
  que  haviam  começado  a  trepar  aos  doze  anos  de  idade  e  já  estavam  muito  gastas  quando
  chegavam aos vinte anos e fingiam-se de inocentes, e algumas delas eram as mais bonitas de
  todas e podiam enganar qualquer homem.
    Virgínia levou café e bolo para o quarto de Johnny e pôs na mesa comprida ali existente.
  Johnny  contou  a  ela  simplesmente  que  Hagen  o  estava  ajudando  a  conseguir  crédito  para
  produzir filmes e ela ficou entusiasmada com isso. Ele seria importante novamente. Porém ela
  não tinha idéia de quão poderoso Don Corleone realmente era, de forma que não entendeu a
  importância da vinda de Hagen de Nova York. Ele explicou a ela que Hagen o estava orientando
  no que dizia respeito aos detalhes jurídicos.
    Quando terminaram o café, Johnny disse a ela que iria trabalhar aquela noite, dar alguns
  telefonemas e traçar planos para o futuro.
    — Metade de tudo isso será no nome das meninas — confessou-lhe ele.
    Virginia respondeu com um sorriso de agradecimento e deu-lhe um beijo, desejando-lhe boa
  noite, antes de retirar-se do quarto dele.
    Havia  um  prato  de  vidro  cheio  de  cigarros  com  seu  monograma  preferido,  e  um
  umedecedor  com  charutos  cubanos  pretos,  finos  corno  lápis,  na  sua  escrivaninha.  Johnny
  recostou-se na cadeira e começou a discar o telefone. Sua cabeça estava realmente zumbindo ao
  máximo. Ele chamou o autor do livro, a novela de grande sucesso, no qual o seu novo filme se
  baseava. O autor era um sujeito da idade dele que havia subido com dificuldade e tinha agora um
  nome  famoso  no  mundo  literário.  Fora  para  Hollywood  esperando  ser  tratado  como  figura
  importante e, como a maioria dos escritores, era considerado um joão-ninguém. Johnny vira a
  humilhação que ele sofrera uma noite no Brown Derby. O escritor tinha combinado com uma
  bem conhecida artistazinha de seios grandes um encontro na cidade e possivelmente uma trepada
  depois.  Mas  enquanto  estavam  jantando,  a  artistazinha  deixou  o  famoso  escritor  a  ver  navios
  porque um cômico de cinema mal vestido chamou-a com o dedo. Isso deu ao escritor a idéia
  exata sobre quem era realmente importante na hierarquia de Hollywood. Não importava que o
  seu livro o tivesse feito famoso no mundo inteiro. Uma artistazinha o trocaria pelo mais sujo,
  mais mal vestido e mais falso figurão do cinema.
    Johnny estava falando com o escritor, que se encontrava em sua casa, em Nova York, a fim
  de agradecer-lhe pelo grande papel que ele havia criado para ele, Johnny. Essa lisonja comoveu
  extremamente  o  cara.  Depois,  casualmente,  perguntou-lhe  como  ia  a  novela  que  ele  estava
  escrevendo e sobre o que era. Acendeu um charuto, enquanto o escritor lhe falava sobre um
   114   115   116   117   118   119   120   121   122   123   124