Page 174 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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iluminada do escritório. Era Don Corleone.
    Don  Corleone  emagrecera  durante  o  período  em  que  estivera  acamado  e  movia-se  com
  uma curiosa rigidez. Segurava o chapéu nas mãos e o seu cabelo parecia ralo sobre a cabeça
  maciça. Parecia mais velho, mais enrugado do que quando Bonasera o vira no casamento, mas
  ainda irradiava poder. Segurando o chapéu de encontro ao peito, disse a Bonasera:
    — Bem, amigo velho, você está disposto a prestar-me esse serviço?
    Bonasera acenou com a cabeça afirmativamente. Don Corleone seguiu a maca até a sala de
  embalsamamento e Bonasera foi atrás dele. O cadáver estava sobre uma das mesas de calhas.
  Don Corleone fez um pequeno gesto com o chapéu e os outros homens saíram da sala.
    Bonasera perguntou num murmúrio:
    — Que é que você deseja que eu faça?
    Don Corleone olhava fixamente para a mesa.
    — Quero que você use todos os seus poderes, toda a sua habilidade, tanto quanto gosta de
  mim — respondeu. — Não quero que a mãe o veja como ele está.
    Foi até a mesa e puxou o cobertor para baixo. Amerigo Bonasera, contra toda a sua vontade,
  contra todos os seus anos de treino e experiência, deixou escapar um murmúrio de horror. Na
  mesa  de  embalsamamento  estava  Sonny  Corleone  com  o  rosto  esmagado  a  bala.  O  olho
  esquerdo afundado em sangue tinha uma fratura em seu cristalino. A ponte de seu nariz e o osso
  malar esquerdo estavam achatados em forma de massa.
    Por  uma  fração  de  segundo,  Don  Corleone  estendeu  a  mão  para  apoiar-se  no  corpo  de
  Bonasera.
    — Veja como eles massacraram meu filho — gemeu ele.
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