Page 188 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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que dirigiam seu negócio com tamanha falta de imaginação. Foi Tramonti quem iniciou a ligação
  com Cuba e o Governo Batista e finalmente investiu grandes somas de dinheiro nos lugares de
  prazer  das  casas  de  jogo  de  Havana,  os  prostíbulos,  para  atrair  jogadores  do  continente
  americano. Tramonti era agora muitas vezes milionário e possuía um dos hotéis mais luxuosos de
  Miami.
    Quando entrou na sala de conferências seguido de seu assistente, um consigliori igualmente
  queimado de sol, Tramonti abraçou Don Corleone e fez uma cara de tristeza para mostrar que
  sentia a morte de Sonny.
    Outros  Dons  foram  chegando.  Todos  eles  conheciam-se  uns  aos  outros,  tinham-se
  encontrado no decorrer dos anos, quer socialmente, quer tratando de interesses de seus negócios.
  Sempre se mostravam reciprocamente corteses e, nos tempos mais difíceis de sua juventude,
  tinham-se prestado mutuamente pequenos serviços. O segundo Don a chegar foi Joseph Zaluchi,
  de  Detroit.  A  Família  Zaluchi,  sob  convenientes  disfarces  e  coberturas,  possuía  um  dos
  hipódromos  da  área  de  Detroit.  Controlava  também  uma  boa  parte  do  jogo.  Zaluchi  era  um
  homem  de  rosto  redondo,  de  aspecto  afável,  que  morava  numa  casa  de  cem  mil  dólares  no
  elegante  bairro  de  Grosse  Point,  de  Detroit.  Um  de  seus  filhos  se  casara  com  uma  moça  de
  antiga e conceituada família americana. Zaluchi, como Don Corleone, era um tipo requintado.
  Detroit apresentava a menor incidência de violência física de qualquer das cidades controladas
  pelas Famílias; houvera apenas duas execuções, nos últimos três anos, naquela cidade. Zaluchi
  não aprovava o tráfico de entorpecentes.
    Zaluchi  trouxera  o  seu consigliori  consigo,  e  os  dois  homens  se  aproximaram  de  Don
  Corleone para abraçá-lo. Zaluchi tinha uma voz retumbantemente americana com apenas um
  ligeiro vestígio de sotaque. Vestia-se à moda conservadora, era um grande homem de negócios e
  tinha igualmente uma calorosa boa vontade. Ele disse a Don Corleone:
    — Somente o seu apelo poderia trazer-me aqui.
    Don Corleone curvou a cabeça agradecendo. Ele podia contar com o apoio de Zaluchi.
    Os dois Dons seguintes a chegar foram da Costa Oeste, tendo viajado no mesmo carro, pois
  trabalhavam intimamente juntos em qualquer caso. Eram Frank Falcone e Anthony Molinari, e
  ambos  eram  os  mais  jovens  chefes  presentes  à  reunião;  tinham  quarenta  e  poucos  anos.
  Vestiam-se um pouco mais informalmente do que os outros, havia um toque de Hollywood no
  estilo  deles  e  eram  pouco  mais  amáveis  do  que  o  necessário.  Frank  Falcone  controlava  os
  sindicatos cinematográficos e o jogo nos estúdios e ainda uma rede de prostituição que fornecia
  garotas para os prostíbulos dos Estados do Extremo Oeste. Não estava dentro da possibilidade de
  qualquer  Don  tornar-se  o  “dono  do  espetáculo”,  mas  Falcone  tinha  a  sua  atração  pessoal.  Os
  outros Dons, em conseqüência, desconfiavam dele.
    Anthony Molinari controlava as docas de São Francisco e era uma figura de destaque no
  império de apostas em jogos esportivos. Descendia de uma linhagem de pescadores italianos e
  era  proprietário  do  melhor  restaurante  de  produtos  do  mar  de  São  Francisco,  do  qual  ele  se
  orgulhava tanto que corria a lenda de que perdia dinheiro no empreendimento servindo bastante
  comida em troca do preço cobrado. Tinha o rosto impassível do jogador profissional e sabia-se
  que ele tinha alguma ligação com o contrabando de entorpecentes através da fronteira mexicana
  e dos navios que faziam a rota dos oceanos orientais. Os seus assistentes eram homens jovens, de
  constituição  robusta,  obviamente  não  conselheiros,  mas  guarda-costas,  embora  não  ousassem
  portar armas para essa reunião. Era do conhecimento geral que esses guarda-costas sabiam lutar
  caratê, um fato que divertia os outros Dons, mas não os assustava nem um pouco, era como se os
  Dons da Califórnia tivessem vindo para a reunião usando amuletos benzidos pelo Papa. Embora
  se deva notar que alguns desses homens eram religiosos e acreditavam em Deus.
    Em seguida, chegou o representante da Família de Boston. Este era o único Don que não
  tinha  o  respeito  dos  colegas.  Era  conhecido  como  um  homem  que  não  agia  bem  com  o  seu
  “pessoal”,  que  o  trapaceava  impiedosamente.  Isso  podia  ser  perdoado,  cada  homem  sabe  a
  medida de sua própria ganância. O que não podia ser perdoado era que ele não conseguia manter
  a  ordem  em  seu  império.  A  área  de  Boston  tinha  muitos  assassinatos,  muitas  guerrinhas  pelo
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