Page 251 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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—  De  que  é  que  você  está  procurando  se  consolar?  —  perguntou  Virginia.  —  Tudo  está
  correndo tão maravilhosamente para você. Nunca sonhei que você fosse um homem de negócios
  tão eficiente.
    Johnny sorriu para ela.
    — Não é tão difícil assim — retrucou ele.
    Ao mesmo tempo ele estava pensando, então isso era o que estava errado. Ele compreendia
  as mulheres e sabia agora que Virginia estava desolada porque pensava que ele possuía tudo à
  sua moda. As mulheres realmente detestavam ver seus homens indo muito bem. Isso as irritava.
  Tornava-as menos seguras a respeito do domínio que exerciam sobre eles através da afeição, do
  hábito sexual ou dos laços matrimoniais. Assim, mais para consolá-la do que para externar as
  suas próprias queixas, ele disse:
    — Que diabo de diferença faz se eu não posso cantar?
    Virginia respondeu um tanto aborrecida:
    — Oh, Johnny, você não é mais criança. Está com mais de trinta e cinco anos de idade. Por
  que continua a se preocupar com essa bobagem de querer cantar? Você faz muito mais dinheiro
  como produtor, não é mesmo?
    Johnny olhou para ela curiosamente e respondeu:
    — Eu sou cantor. Gosto de cantar. Que é que a idade tem a ver com isso?
    Virginia estava impaciente.
    — Na verdade, jamais gostei que você cantasse. Agora que você mostrou que pode fazer
  filmes, sinto-me contente porque você não pode cantar mais.
    Os dois se surpreenderam quando Johnny retrucou furioso:
    — Ë uma indecência de sua parte dizer uma coisa dessas.
    Ele estava abalado. Como podia Virginia sentir-se assim, como podia ela detestá-lo tanto?
    Virginia sorriu por ele ter-se magoado e porque era tão insultuoso que ele se tivesse zangado
  com ela e retrucou:
    — Como pensa você que eu me sentia quando todas aquelas garotas vinham correndo atrás
  de você devido ao seu modo de cantar? Como você se sentiria se eu andasse com a bunda de fora
  pela rua para que os homens viessem correndo atrás de mim? Assim é que eu considerava o seu
  canto, e eu sempre desejei que você perdesse a voz e nunca mais pudesse voltar a cantar. Mas
  isso foi antes de nos divorciarmos.
    Johnny terminou a bebida.
    — Você não entende nada. Absolutamente nada.
    Ele foi até a cozinha e discou o número de Nino. Combinou encontrar- se com ele em Palm
  Springs para passar o fim de semana e deu a Nino o número de uma garota para quem ele devia
  telefonar, uma garota verdadeiramente bonita e encantadora com quem ele pretendia encontrar-
  se.
    — Ela arranjará uma amiga para você — disse Johnny. — Estarei em sua casa dentro de
  uma hora.
    Virginia despediu-se friamente quando ,Johnny partiu. Ele pouco se incomodou, era uma das
  raras vezes em que estava zangado com ela. O diabo com tudo aquilo, ele iria farrear no fim de
  semana e curar aquela chateação.
    De fato, tudo correu muito bem em Palm Springs. Johnny foi para a casa que possuía lá e
  que estava sempre aberta e com empregados naquela época do ano. As duas garotas eram novas
  demais para proporcionarem grande diversão e não estavam muito interessadas em conceder
  certo tipo de favor. Algumas pessoas vieram fazer-lhes companhia na piscina até a hora da ceia.
  Nino foi para o quarto com a garota, a fim de se aprontar para a ceia e dar uma rápida trepada,
  enquanto estava ainda quente do sol. Johnny não se sentia disposto, então mandou a sua garota,
  uma  loura  baixinha  e  bem  recortada  chamada  Tina,  tomar  banho  de  chuveiro  sozinha.  Ele
  jamais poderia fazer amor com outra mulher depois de ter brigado com Virginia.
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