Page 256 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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construir  um  grande  hospital  em  Las  Vegas.  A  cidade  precisará  dele  da  maneira  que  está
  crescendo  e  da  maneira  que  está  projetada  para  crescer.  Talvez  aceitem  você  na  sala  de
  operações se se conversar direitinho com eles. Diabo, quantos cirurgiões tão bons quanto você
  podem querer vir para este deserto? Ou quase tão bons? Faremos um favor ao hospital. Assim,
  você pode contar com isso. Ouvi dizer que você e Lucy vão casar, não é verdade?
    Jules deu de ombros.
    — Assim que eu vir que tenho algum futuro.
    — Mike, se você não construir esse hospital, morrerei solteirona — atalhou Lucy em tom de
  brincadeira.
    Todos riram. Todos menos Jules. Este disse a Michael:
    — Se eu aceitar tal emprego não me serão impostas quaisquer condições?
    — Nada de condições — respondeu Michael friamente. — Tenho uma dívida com você e
  quero saldá-la.
    — Mike, não fique magoado — pediu Lucy brandamente.
    Michael sorriu para ela e respondeu:
    — Não estou magoado. — Voltou-se para Jules e falou: — Você disse uma grande bobagem.
  A Família Corleone tem mexido os pauzinhos em seu benefício. Você acha que sou tão estúpido
  para pedir que você faça coisas que detesta? Mas se eu o pedisse, que é que tinha? Quem diabo
  jamais moveu um dedo para lhe ajudar quando você estava em dificuldade? Quando ouvi dizer
  que você queria voltar a trabalhar como um verdadeiro cirurgião, perdi um bocado de tempo
  para descobrir se eu podia ajudá-lo. Não lhe estou pedindo coisa alguma. Mas pelo menos pode
  considerar nossas relações como amistosas, e suponho que faria por mim o mesmo que faria por
  qualquer bom amigo. Esta é a minha condição. Mas você pode recusá-la.
    Tom  Hagen  baixou  a  cabeça  e  sorriu.  Nem  mesmo  o  próprio  Don  Corleone  faria  isso
  melhor.
    Jules ficou vermelho.
    — Mike, eu não quis dizer absolutamente isso. Sou muito grato a você e a seu pai. Esqueça o
  que eu disse.
    Michael acenou coma cabeça e respondeu:
    — Ótimo. Até o hospital ser construído e começar a funcionar, você será diretor do serviço
  médico dos quatro hotéis. Forme a sua equipe. O seu salário vai subir também, mas você deve
  discutir com Tom mais tarde. E, Lucy, quero que você faça uma coisa mais importante. Talvez
  coordenar todas as lojas que serão abertas nas galerias dos hotéis. O lado financeiro delas. Ou
  talvez contratando as garotas de que precisarmos para trabalhar nos cassinos, algo como isso.
  Assim, se Jules não a desposar, você poderá ser uma solteirona rica.
    Freddie, enquanto isso, fumava o seu charuto, zangado. Michael virou- se para ele e disse
  brandamente:
    —  Sou  apenas  o  moço  de  recados  de  Don,  Freddie.  A  sua  tarefa  ele  mesmo  lhe  dirá,
  naturalmente, mas tenho certeza de que vai fazer algo muito grande para torná-lo feliz. Todos
  comentam o serviço formidável que você está fazendo aqui.
    — Então por que ele está aborrecido comigo? — perguntou Freddie queixosamente. — Só
  porque o cassino está perdendo dinheiro? Eu não controlo esse setor, ele está a cargo de Moe
  Greene. Que diabo quer o velho de mim?
    — Não se preocupe com isso — respondeu Michael.
    Voltando-se para Johnny Fontane, Michael perguntou.
    — Onde está Nino? Eu esperava vê-lo novamente.
    Johnny deu de ombros.
    — Nino está muito doente. Uma enfermeira está cuidando dele no quarto. Mas o doutor aqui
  diz que ele precisava ser internado, que ele está procurando se matar.
    Michael comentou pensativamente, demonstrando realmente surpresa:
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