Page 254 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
P. 254

CAPÍTULO 27
    MICHAEL CORLEONE chegou naquela noite e, por sua própria ordem, não foi recebido no
  aeroporto.  Apenas  dois  homens  o  acompanhavam:  Tom  Hagen  e  um  novo  guarda-costas
  chamado Albert Neri.
    O apartamento mais luxuoso do hotel havia sido reservado para ele e seus acompanhantes. À
  sua espera estavam as pessoas que seria necessário que Michael visse.
    Freddie recebeu o irmão com um caloroso abraço. Freddie estava mais forte, com aspecto
  mais favorável, alegre e elegantemente trajado. Usava uma roupa de seda cinza esquisitamente
  talhada e acessórios que combinavam com ela. O seu cabelo era cortado a navalha e arrumado
  tão cuidadosamente quanto o de um galã de cinema, o seu rosto brilhava de tão cuidadosamente
  barbeado e suas mãos tinham  sido  devidamente  tratadas  por  uma  manicura.  Era  um  homem
  completamente diferente daquele que embarcara em Nova York quatro anos antes.
    Freddie recostou-se na cadeira e examinou Michael carinhosamente.
    —  Você  parece  bastante  melhor  agora  que  consertou  a  cara.  Sua  mulher  finalmente
  conseguiu convencê-lo, hem? Como vai Kay? Quando virá aqui nos visitar?
    Michael sorriu para o irmão.
    — Você também está com uma ótima aparência. Kay teria vindo desta vez, mas tem um
  bebê para cuidar e está esperando outro. Além disso, estou aqui a negócio, Freddie, preciso voltar
  amanhã à noite ou na manhã seguinte.
    — Você precisa comer alguma coisa primeiro disse — Freddie. — Temos um grande chefe
  de cozinha no hotel, você vai saborear a melhor comida que já comeu na sua vida. Vá tomar um
  banho de chuveiro, mudar de roupa e tudo se acertará depois aqui. Tenho todo o pessoal que você
  quer à sua disposição, todos eles estarão esperando quando você estiver pronto, terei apenas de
  chamá-los.
    — Vamos deixar Moe Greene para o fim, está bem? — Michael falou prazenteiramente. —
  Convide  Johnny  Fontane  e  Nino  para  virem  comer  conosco.  E  também  Lucy  e  seu  doutor.
  Podemos falar enquanto comemos. — Em seguida, voltou-se para Hagen e perguntou: — Quer
  acrescentar mais alguém, Tom?
    Hagen balançou a cabeça. Freddie recebera-o menos afetuosamente do que a Michael, mas
  Hagen compreendia. Freddie estava na lista negra do pai e culpava o consigliori de não procurar
  ajeitar  as  coisas.  Hagen  teria  feito  isso  prazerosamente,  mas  não  sabia  por  que  Freddie  não
  estava nas boas graças do pai. Don Corleone não expressara queixas específicas. Apenas dera a
  perceber o seu desagrado.
    Já passava da meia-noite quando se reuniram em torno da mesa especial de jantar posta no
  apartamento de Michael. Lucy beijou Michael e não fez qualquer comentário sobre o fato de seu
  rosto parecer bem melhor depois da operação. Jules Segal estudou ousadamente o osso malar
  consertado e disse a Michael:
    — Um bom trabalho. Está bem unido. E o problema do nariz?
    — Já foi resolvido — respondeu Michael. — Obrigado por ter ajudado.
    As atenções focalizaram-se em Michael à proporção que eles comiam. Todos notaram a sua
  semelhança com Don Corleone nas maneiras e no modo de falar. De um modo um tanto curioso,
  ele  inspirava  o  mesmo  respeito,  a  mesma  admiração,  contudo  ele  era  perfeitamente  natural,
  esforçando-se para deixar todos à vontade. Hagen, como de hábito, ficava em plano secundário.
  Albert Neri era também muito tranqüilo e discreto. Alegara que não estava com fome e sentara-
  se numa poltrona perto da porta lendo um jornal local.
    Depois que terminaram o jantar, mandaram os garçons embora. Michael falou com Johnny
  Fontane:
    —  Ouvi  dizer  que  você  recuperou  a  voz  e  está  cantando  tão  bem  como  nunca;  você
   249   250   251   252   253   254   255   256   257   258   259