Page 267 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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Eu e Pete teremos complicações, ficaremos sob o domínio deles mais cedo ou mais tarde. E
  Barzini é um homem que não me agrada. O que digo é que a Família Corleone deve dar um
  passo  com  base  em  sua  força,  não  em  sua  fraqueza.  Devemos  reforçar  os  nossos regimes  e
  retomar os nossos territórios perdidos em Staten Island pelo menos.
    Don Corleone balançou a cabeça.
    — Fiz a paz, lembre-se, não posso deixar de cumprir a minha palavra.
    Tessio se recusou a calar.
    — Todos sabem que Barzini tem provocado você desde então. E, além disso, se Michael é o
  novo  chefe  da  Família  Corleone,  por  que  impedir  que  ele  tome  qualquer  atitude  que  achar
  conveniente? Ele não é obrigado a cumprir rigorosamente a sua palavra.
    Michael interrompeu-o abruptamente. Disse a Tessio, bem compenetrado de que era o chefe
  agora:
    — Há coisas que estão sendo negociadas que responderão às suas perguntas e acabarão com
  as suas dúvidas. Se a minha palavra não basta para você, pergunte ao Don.
    Mas  Tessio  compreendeu  finalmente  que  tinha  ido  muito  longe.  Se  ele  se  atrevesse  a
  perguntar ao Don, tornaria Michael seu inimigo. Assim deu de ombros e arrematou:
    — Falei para o bem da Família, não para o meu próprio. Posso cuidar de mim.
    Michael riu amavelmente para ele.
    —  Tessio,  nunca  duvidei  de  você  de  forma  alguma.  Nunca.  Mas  confie  em  mim.
  Evidentemente não sou igual a você e a Pete nessas coisas, mas afinal de contas meu pai me
  orientou. Não agirei tão mal assim, todos nos sairemos muito bem.
    A reunião estava terminada. A grande notícia fora que Clemenza e Tessio teriam permissão
  para formar suas próprias Famílias com base em seus regimes. Tessio controlaria o jogo e as
  docas no Brooklyn, e Clemenza ficaria com o jogo em Manhattan e os contatos da Família nos
  hipódromos de Long Island.
    Os  dois caporegimes partiram não muito satisfeitos, ainda um pouco inquietos. Carlo Rizzi
  continuou por uns momentos a pensar que tinha chegado a hora de ser finalmente tratado como
  um membro da Família,  mas  logo  percebeu  que  Michael  não  tinha  isso  em  mente.  Deixou  o
  Don,,Tom Hagen e Michael a sós na sala da biblioteca. Albert Neri acompanhou-o até a porta da
  casa e Carlo notou que Neri ficou no vão da porta observando-o atravessar a alameda iluminada.
    Na biblioteca, os três homens ficaram à vontade como somente podem ficar as pessoas que
  viveram anos juntas na mesma casa, na mesma família. Michael serviu um pouco de anisete a
  Don Corleone e uísque a Tom Hagen. Ele mesmo tomou um trago, o que raramente acontecia.
    Tom Hagen falou primeiro:
    — Mike, por que você está me cortando do negócio?
    Michael pareceu surpreender-se.
    —  Você  será  o  meu  homem  número  um  em  Las  Vegas.  Nós  estaremos  cem  por  cento
  legalizados e você será o nosso elemento jurídico. Que é que pode ser mais importante do que
  isso?
    Hagen deu um sorriso um pouco triste.
    — Não estou falando nisso. Estou falando no fato de Rocco Lampone organizar um regime
  secreto sem o meu conhecimento. Estou falando no fato de você tratar diretamente com Neri e
  não  por  meu  intermédio  ou  através  de  um caporegime.  A  menos  que  você  não  saiba  o  que
  Lampone está fazendo.
    —  Como  você  descobriu  esse  negócio  do  regime  de  Lampone?  —  perguntou  Michael
  brandamente.
    Hagen deu de ombros.
    — Não se preocupe, nada transpirou, ninguém mais sabe. Mas na minha posição posso ver o
  que acontece. Você deu a Lampone um meio de vida próprio, você deu a ele um bocado de
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