Page 99 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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embora ninguém estivesse falando. Ele tomou algumas notas num bloco, depois disse:
    — Está bem, ele estará lá — e desligou o telefone.
    Sonny estava rindo.
    — Este filho da puta do Sollozzo, ele é de fato uma coisa. Eis o trato. Hoje, às oito da noite,
  ele e o Capitão McCluskey apanham Mike em frente do bar de Jack Dempsey, na Broadway, e
  vão  a  algum  lugar  para  conversar.  Mike  e  Sollozzo  falam  em  italiano  de  modo  que  o  polícia
  irlandês não saiba sobre que diabo estão falando. Ele até me diz que não se preocupe, sabe que
  McCluskey não conhece uma palavra de italiano, a não ser o seu soldi ,  e  já  investigou  sobre
  você, Mike, e sabe que você entende o dialeto siciliano.
    — Sou bem intratável, mas não falaremos muito — disse Michael seca mente.
    —  Não  deixaremos  Mike  ir  enquanto  não  tivermos  o  intermediário.  Está  combinado?  —
  lembrou Tom Hagen.
    Clemenza acenou com a cabeça afirmativamente.
    —  O  intermediário  está  em  minha  casa  jogando  cartas  com  três  dos  meus  homens.  Eles
  esperam um telefonema meu para deixá-lo ir embora.
    Sonny voltou a afundar-se na poltrona de couro.
    — Agora, como é que vamos descobrir o lugar do encontro? Tom, temos informantes junto à
  Família Tattaglia, como é que eles não nos comunicaram ainda?
    Hagen deu de ombros;
    — Sollozzo é realmente um bocado esperto. Está conservando isso no maior segredo possível,
  tanto que não vai usar nenhum homem como cobertura. Ele pensa que o capitão será bastante e
  que a segurança é mais importante do que armas. Ele tem razão também. Teremos de seguir a
  pista de Mike e esperar que tudo corra da melhor maneira.
    Sonny balançou a cabeça.
    — Não, qualquer pessoa pode perder uma pista quando os outros realmente querem que tal
  ocorra. Isso é a primeira coisa que eles investigarão.
    Já eram cinco horas da tarde. Sonny, preocupado, continuou:
    — Talvez fosse melhor que Mike fizesse explodir todos os que estivessem no carro quando
  este viesse apanhá-lo.
    Hagen balançou a cabeça.
    — E se Sollozzo não estiver no carro? Revelamos assim a nossa intenção para nada. Com os
  diabos, temos de descobrir para onde Sollozzo vai levá-lo.
    — Talvez a gente deva começar procurando imaginar por que ele está fazendo um segredo
  tão grande — atalhou Clemenza.
    —  Porque  é  vantagem  —  disse  Michael  impacientemente.  —  Por  que  deve  ele  deixar  a
  gente saber alguma coisa se pode evitá-lo? Além disso, ele sente o cheiro de perigo. Deve estar
  alerta como o diabo mesmo com aquele capitão da polícia a seu lado.
    Hagen estalou os dedos.
    — Esse detetive, esse tal de Phillips. Por que você não telefona para ele, Sonny? Talvez ele
  possa descobrir onde diabo se pode encontrar o capitão. Vale a pena tentar. McCluskey pouco se
  importará que quem quer que seja saiba aonde ele foi.
    Sonny pegou o telefone e discou um número. Falou baixinho e, em seguida, desligou.
    — Ele vai chamar depois — disse ele.
    Esperaram durante quase outros trinta minutos e finalmente o telefone tocou. Era Phillips.
  Sonny  tomou  nota  de  alguma  coisa  no  seu  bloco  e  em  seguida  desligou.  O  seu  rosto  estava
  apreensivo.
    —  Acho  que  conseguimos  descobrir  —  disse.  .—  O  Capitão  McCluskey  tem  sempre  de
  comunicar onde pode ser encontrado. Das oito às dez da noite, ele estará no Luna Azure, lá no
  Bronx. Alguém sabe onde é?
    —  Eu  sei  —  respondeu  Tessio  com  segurança.  —  É  ótimo  para  nós.  Um  pequeno  lugar
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