Page 100 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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familiar com reservados grandes onde as pessoas podem falar em particular. Boa comida. Todo
  mundo lá cuida apenas de si. Ótimo. — Em seguida, inclinou-se sobre a escrivaninha de Sonny e
  dispôs pontas de cigarros como figuras de mapa, explicando: — Aqui é a entrada, Mike, quando
  você terminar, saia e dobre à esquerda, depois vire a esquina. Eu o localizarei e o porei sob os
  meus faróis e o apanharei com o carro em movimento. Se você tiver alguma dificuldade, grite e
  eu tentarei entrar e fazer você sair. Clemenza, você tem de trabalhar depressa. Mande alguém lá
  para esconder a arma. Eles têm uma privada antiga com um espaço entre a caixa de descarga e
  a parede. Faça seu homem colocar a arma ali atrás. Mike, depois que o revistarem no carro e
  verificarem  que  você  está  desarmado,  não  se  preocuparão  muito  com  você.  No  restaurante,
  espere  um  pouco  antes  de  pedir  desculpas  por  ter  de  ir  à  privada.  Não,  melhor  ainda,  peça
  licença para ir. Primeiro finja que está com vontade de urinar, é muito natural. Eles não podem
  pensar nada. Mas quando voltar, não perca tempo. Não se sente à mesa novamente, comece a
  atirar. E não dê chance. Na cabeça, dois tiros em cada um, e caia fora tão depressa quanto lhe
  permitirem as pernas.
    Sonny ouviu tudo atentamente.
    —  Quero  um  sujeito  muito  bom,  muito  seguro,  para  pôr  essa  arma  lá  —  disse  ele  a
  Clemenza. — Não quero meu irmão saindo dessa privada com a sua confissão na mão.
    — A arma estará lá — afirmou Clemenza com ênfase.
    — Está bem — disse Sonny — Todo mundo em movimento.
    Tessio e Clemenza partiram. Tom Hagen perguntou:
    — Sonny, devo levar Mike de carro a Nova York?
    —  Não  —  respondeu  Sonny.  —  Quero  você  aqui.  Quando  Mike  terminar,  então  o  nosso
  trabalho começará e precisarei de você aqui. Você pôs esses caras da imprensa de sobreaviso?
    Hagen acenou com a cabeça.
    — Começarei a fornecer-lhes informações assim que a coisa estourar.
    Sonny levantou-se e veio postar-se diante de Michael. Apertou-lhe a mão.
    —  Está  bem,  garoto,  pode  ir  —  disse  ele.  —  Explicarei  à  mamãe  por  que  você  não  se
  despediu  dela  antes  de  partir.  E  mandarei  um  recado  para  a  sua  pequena  quando  achar
  conveniente. Está bem?
    —  Está  bem  —  respondeu  Mike.  —  Quanto  tempo  você  pensa  que  terei  de  esperar  para
  voltar?
    — Pelo menos um ano — retrucou ele.
    — Don Corleone talvez possa conseguir que você volte mais depressa, Mike — atalhou Tom
  Hagen — mas não conte com isso. O elemento tempo gira em torno de um bocado de fatores.
  Como  nos  sairemos  com  as  histórias  fornecidas  aos  jornalistas.  Até  onde  o  Departamento  da
  Polícia vai querer “abafar” a coisa. Como reagirão as outras Famílias. Vai haver um bocado de
  agitação e confusão. Isso é a única coisa da qual podemos ter certeza.
    Michael apertou a mão de Hagen.
    — Faça o que puder — pediu ele. — Não quero passar outra temporada de três anos fora de
  casa.
    —  Não  é  muito  tarde  para  recuar,  Mike  —  atalhou  Hagen  delicadamente  —,  podemos
  arranjar  outra  pessoa,  podemos  reexaminar  nossas  alternativas.  Talvez  não  seja  necessário
  liquidar Sollozzo.
    Michael deu uma gargalhada.
    — Podemos trocar idéias a respeito de qualquer coisa — observou. — Mas pensamos nisso
  precisamente pela primeira vez. Estive gozando a vida durante todo o tempo, chegou a hora de
  pagar o meu tributo.
    — Não deixe que essa cara quebrada lhe influencie — declarou Hagen. — McCluskey é um
  sujeito estúpido e isso foi negócio, não um caso pessoal.
    Pela  segunda  vez,  ele  viu  o  rosto  de  Michael  Corleone  transformar-se  numa  máscara
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