Page 178 - CURSO COMPLETO DE DIREITO AGRÁRIO, Silvia C. B. Opitz e Oswaldo Opitz, Ed. Saraiva, 7ª ed., 2013
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CURSO COMPLETO DE DIREITO AGRÁRIO, Silvia C. B. Opitz e Oswaldo Opitz, Ed. Saraiva, 7ª ed., 2013



          de Buda, trataram da distribuição das águas.  Como se sabe, a Índia tem regiões
          enormes, de uma aridez extrema, principalmente no vale do Sind, onde se fez em
          primeiro lugar a irrigação, com o fim de abastecer as populações e servir à agricul-
          tura. Antes da era cristã, cerca de dez séculos, já se encontravam canais de irrigação,
          com mais de 400 km. Há vestígios de reservatórios, além dos canais, que demons-
          tram a preocupação pelo uso das águas.
             Na Índia moderna, "sob um clima que caracteriza as alternativas de chuvas dilu-
          vianas e contínuas e de fortes secas prolongadas, a irrigação é a salvação da agricul-
          tura, sendo o único meio de prover a subsistência das populações. Isto bem compre-
          endeu a administração britânica, procurando desde 1917 restaurar a noroeste os canais
          de Delhi e de Deab, e, n? norte, os reservatórios de reten9ão das águas da chuva"
          (Costa Gama, tese, cit.). E enorme a superfície irrigada da lndia, coisa que já se está
          fazendo na zona da seca, no Nordeste, como veremos ao examinarmos a Lei n. 4.593.

          7.  A irrigação da Pérsia e Assíria
             Assírios e persas eram muito adiantados, pois, como se pôde ver pelo Código
          de Hamurabi, referido no início do Capítulo 8, ali se legislava sobre o mau uso dos
          diques, numa prova de que há muito mais tempo a irrigação se fazia por meio de
          canais e era usada pelos povos vizinhos, da antiga Pérsia (hoje Irã) e Assíria.
             Enormes canais derivados dos rios Tigre e Eufrates irrigavam e fertilizavam
          esses países. São célebres as referências bíblicas a respeito da fertilidade do solo
          entre esses históricos rios.  Heródoto menciona as máquinas elevando a água aos
          inúmeros canais e aquedutos de irrigação pelas terras marginais do Eufrates.

          8.  A irrigação no Egito
             O Egito, privilegiado com o grande Nilo, resolveu com sua irrigação problemas de
          águas, depois de domá-lo, por meio de grandes trabalhos, para dirigir por canais as
          cheias que entulhavam as  terras submersas e fixavam  as  areias móveis pelas lamas
          férteis,  tomando o terreno muito propício à agricultura.  Heródoto nos dá conta da
          existência do lago Meris, que armazenava as águas do Nilo; quando este saía de suas
          margens, transbordava, na sua ânsia de se expandir. Os antigos egípcios construíram
          grandes reservatórios para alimentar e regularizar seus grandes canais. O Egito é um
          dos países mais bem irrigados e dos mais férteis do Oriente, graças ao seu extenso Nilo.

          9.  Na Síria
             Na Síria também a irrigação chegou muito cedo, porque seu território é atra-
          vessado por cadeias de montanhas, com climas variados,  segundo a direção dos
          vales, que impunha obras de canalização, a fim de poder tirar da terra o sustento
          de seu povo. Hoje essa região é rica em petróleo, dando fabulosas rendas aos seus
          países (Irã, Iraque etc.).

          10. Na Fenícia
             Outra não era a situação da civilizada Fenícia- cuja língua até hoje é um
          segredo -  em relação ao sistema irrigatório de suas terras.
             "As inúmeras escavações sobre toda a costa fenícia, os silos para a conservação
          dos grãos, as piscinas, cisternas, as mós enormes, espalhadas pelos campos, toda

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