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Perdão, Aaron Swartz
— Eu sinto fortemente que não é suficiente simplesmente viver no mundo como ele é e fazer
o que os adultos disseram que você deve fazer, ou o que a sociedade diz que você deve fazer.
Eu acredito que você deve sempre estar se questionando. Eu levo muito a sério essa atitude
científica de que tudo o que você aprende é provisório, tudo é aberto ao questionamento e
à refutação. O mesmo se aplica à sociedade. Eu cresci e através de um lento processo percebi
que o discurso de que nada pode ser mudado e que as coisas são naturalmente como são é
falso. Elas não são naturais. As coisas podem ser mudadas. E mais importante: há coisas que
são erradas e devem ser mudadas. Depois que percebi isso, não havia como voltar atrás. Eu
não poderia me enganar e dizer: “OK, agora vou trabalhar para uma empresa”. Depois de
perceber que havia problemas fundamentais que eu poderia enfrentar, eu não podia mais
esquecer disso.
Aaron Swartz tinha 22 anos quando explicou por que fazia o que fazia, era quem era. Aos
26, ele está morto. Foi encontrado enforcado em seu apartamento de Nova York na sexta-
feira, 11 de janeiro de 2013. Provável suicídio. Talvez a maioria não o conheça, mas Aaron
está presente na nossa vida cotidiana há bastante tempo. Desde os 14 anos, ele trabalha
criando ferramentas, programas e organizações na internet. E, de algum modo, em algum
momento, quem usa a rede foi beneficiado por algo que ele fez.
Aos 26 anos, Aaron já tinha trabalhado praticamente metade da sua vida. E, nessa metade,
ele participou da criação do RSS (que nos permite receber atualizações do conteúdo de sites
e blogs de que gostamos), do Reddit (plataforma aberta em que se pode votar em histórias
e discussões importantes) e do Creative Commons (licença que libera conteúdos sem a
cobrança de alguns direitos por parte dos autores). Mas não só. A grande luta de Aaron,
como fica explícito no depoimento que abre esta coluna, era uma luta política: ele queria
mudar o mundo e acreditava que era possível.
E queria mudar o mundo como alguém da sua geração vislumbra mudar o mundo: dando
acesso livre ao conhecimento acumulado da humanidade pela internet. E também usando a
rede para fiscalizar o poder e conquistar avanços nas políticas públicas. Movido por esse
desejo, Aaron ajudou a criar o Watchdog, website que permite a criação de petições
públicas; a Open Library, espécie de biblioteca universal, com o objetivo de ter uma página
na web para cada livro já publicado no mundo; e o Demand Progress, plataforma para obter