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Vidas de Rio e de Mar: Pesca, Desenvolvimentismo e Ambientalização

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mentos presentes no rio.
Neste contexto de incertezas acerca da composição química dos rejeitos
e da possibilidade de contaminação da água, uma corrida por coletas e
análises foi realizada por um conjunto heterogêneo de instituições e pes-
quisadores. Diariamente era possível observar grupos distintos de pes-
quisadores fazendo coleta na foz do Rio Doce. Sendo assim, amostras de
água também foram coletadas e analisadas a pedido do Serviço Autôno-
mo de Água e Esgoto (SAAE) dos municípios de Governador Valadares
(MG)9 e Baixo Guandu (ES)10 alguns dias após o rompimento. Ambas as
análises apontaram a presença de metais pesados na lama de rejeitos: o
primeiro laudo apontou uma quantidade de ferro, manganês e alumínio
muito acima do tolerável para o tratamento da água. O segundo laudo
atestou a presença de arsênio, chumbo, cromo, zinco, bário e manganês,
entre outros metais, em níveis muito acima do recomendável (TOMMASI
ANALITICA, 2015 apud ORGANON, 2015).
Com a chegada dos rejeitos à foz do Rio Doce, tornou-se impossível captar
água do rio. Em Linhares, três barragens foram construídas para conter a
lama e preservar outros rios e lagoas dos rejeitos minerários (ORGANON,
2015). Como o Ministério Público determinou que a Samarco garantis-
se o abastecimento de água em todos os municípios afetados através do
TCSA, em Regência (que já vinha sendo abastecida por carros-pipa de-
vido à crise hídrica) a desconfiança acerca da origem e potabilidade da
água aumentou a partir do reconhecimento da dificuldade em abastecer
com outros recursos que não o Rio Doce não só a vila, mas, a partir de
então, todo o município de Linhares. “Esta água que vem do caminhão
até a nossa casa está salobra e com gosto ruim. Eu estou bebendo esta
água [mostra uma garrafa de água com coloração amarelada] porque não

8 Situações semelhantes foram evidenciadas em outros desastres mundiais, a saber: na tra-
gédia de Bhopal (DAS, 1995), o caso dos “agente naranja” no contexto da Guerra do Vietnam
(DAS, 1995) e o desastre nuclear em Tchernóbil (ALEKSIEVITCH, 2016). Os três casos em
destaque evidenciam um procedimento semelhante das empresas ou do Estado que, assim
como no caso do desastre no Rio Doce, negaram inicialmente possíveis potenciais de con-
taminação.
9 Fonte: http://noticias.r7.com/minas-gerais/lama-contaminada-tem-concentracao-de-
metais-ate-1300000-acima-do-normal-12112015 (acessado em 9 de fevereiro de 2017).
10 Fonte: http://noticias.r7.com/minas-gerais/laudo-comprova-alta-concentracao-de-me-
tais-pesados-em-lama-de-barragens-13112015 (acessado em 9 de fevereiro de 2017).

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