Page 109 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo
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outra  novinha!?  O  silêncio  só  foi  quebrado  quando  um  dos  meus
                amigos disse, bem-humorado:
                     - Pessoal, o plano é o seguinte: vou quebrando tudo aqui deste

                lado e vocês vão quebrando deste outro!
                     Rimos. A moça agarrou a caneca com força, colando-a junto ao
                peito. Agradeceu muito e saiu rapidinho da loja, talvez com receio
                de que a alemã mudasse de ideia a qualquer momento...
                     Então, nossa amiga voltou ao balcão para cobrar o salgadinho
                que eu estava comprando, retomando conosco exatamente de onde
                parou, como se nada daquilo tivesse acontecido. Não me aguentei e
                disse a ela:

                     -  Uau.  Você  foi  incrível  ao  lidar  com  essa  situação!  Não  te
                falamos  antes,  mas  estamos  aqui  na  Disney  em  treinamento  e
                acabamos de ver você praticar ao vivo as Quatro Chaves! Você foi
                fantástica!
                     Pro nosso espanto, ela respondeu sem titubear:

                     - Fui mesmo, não fui? Fico feliz que tenham notado e gostado do
                meu trabalho.
                     Fomos pegos de surpresa com aquela postura, já que no Brasil
                vale  muito  a  cultura  da  “falsa  humildade”:  temos  muita  dificuldade
                em receber  elogios,  mesmo  quando  os merecemos,  como  se isso
                fosse  algo  feio,  quase  criminoso.  Gostamos  de  elogio,  mas
                negamos ele até a morte... então, naturalmente, esperávamos dela

                algo  parecido  com  um  “Ah,  que  isso?!  Imagina!  Não  foi  nada!...”.
                Mas não. Ela acreditava que merecia mesmo um elogio pelo que fez
                e  comunicou  isso  pra  nós  sem  nenhuma  afetação.  Na  cultura
                poderosa  deles,  elogio  é  sempre  bem  recebido,  valorizado  e
                desejado  quando  justo.  Uma  baita  lição!  Hoje  em  dia  eu  também
                agradeço feliz, sem me desculpar por ter nascido, quando alguém

                reconhece algo de bom em mim ou no meu trabalho. E, de antemão,
                muito obrigado por qualquer elogio que um dia queira me fazer.
                     Intrigado com um ponto sobre o uso das chaves, a questionei:
                     -  Vimos  que  você  assumiu  primeiro  a  chave  da  segurança,
                cuidou de tudo para que a cliente não se machucasse com os cacos
                de  vidro.  Quando  tudo  ficou  seguro,  você  assumiu  a  cortesia,
                voltando a sorrir e a cuidar mais diretamente das emoções dela. Na

                sequência, encantou a todos nós com a chave do show, oferecendo
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