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Manuel Abranches de Soveral FRAGMENTA HISTORICA
desembargador d’el rei, vinculou à capela vincular a sua comenda de Nossa Senhora
de seu pai na Colegiada de Guimarães, além da Fresta. Numa carta que a 10.10.1545
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das 10 missas anuais que ele tinha deixado Cristóvão Mendes de Carvalho escreveu a D.
impostas no rendimento das casas da Rua João III, diz-lhe que no mosteiro que fizera
da Sapateira, mais 22 missas anuais, às quais em Trancoso já tinha oito freiras e que nele
vinculou 800 reais, retirados do rendimento da gastara muito da sua fazenda, sem ajuda de
sua quintã e couto da Lageosa. ninguém. O convento foi extinto em 1862 e
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Em 1539 fundou o mosteiro de Santa Clara dele apenas resta a igreja, hoje dita de Santo
de Trancoso (Guarda) , para o que obteve António, muito arruinada, da qual se destaca o
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várias Bulas papais, nomeadamente uma de portal renascentista, com um nicho que tinha a
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1537 do Papa Paulo III para o “dilecti nobbi imagem de Santa Clara.
crixto Cristofon Memdez de Carvalho” comprar Teve casa na vila de Tentúgal , onde viveu
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a igreja de Nossa Senhora do Sepulcro e
seu padroado , e autorização real para lhe na Terceira Ordem, e a abadessa fosse nomeada pelos
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fundadores, que o poderiam dotar de todos os bens,
31 AMAP, C - 781, fól. 188 e seg. Foram testemunhas sendo seus padroeiros.
Fernão da Mesquita e João Mendes, fidalgos da Casa de 34 ANTT, Chancelaria de D. João III, M., Liv. 32, fól. 44.
Sua Majestade (seu cunhado e seu irmão). 35 ANTT, Corpo Cronológico, p. I, mç. 76, nº 106.
32 Bernardo de Vasconcelos e Sousa (dir.), "Ordens 36 Francisco Hipólito Raposo, “Beira Alta: com um
religiosas em Portugal: das origens a Trento - guia abraço total à Serra da Estrela”, Mobil Oil Portuguesa,
histórico", Lisboa 2005, Livros Horizonte, p. 303; e D. 1987, p. 140.
Frei Timóteo dos Mártires, "Crónica de Santa Cruz", 37 A hoje chamada Torre do Relógio, em Tentúgal, será
edição de 1958, Tomo 2, p. 317. Também dito convento o que resta da torre de menagem do antigo castelo
de Nossa Senhora do Sepulcro. A bula da fundação da vila. Era então alcaide-mor Lopo de Souza Ribeiro,
definia que as freiras professassem na terceira ordem, concunhado do conselheiro Dr. Cristóvão Mendes de
e a abadessa fosse nomeada pelos fundadores que, Carvalho, o qual Lopo muito provavelmente pousava
como padroeiros, o poderiam dotar de todos os bens. nessa mesma torre. À ilharga desta torre existem umas
Entretanto, o fundador enviou o padre Frei António casas quinhentistas que julgo terem sido as de Cristóvão
de Buarcos para assistir às obras e este escolheu outro Mendes, sendo certo que seu filho sucessor Pedro de
local para a construção, ficando o convento sujeito ao Carvalho tinha casa na vila de Tentúgal, onde faleceu
provincial dos claustrais e obediência à regra de Santa antes de 1617, deixando viúva que aí faleceu velha a
Clara. Foi edificado sobre a igreja do mesmo orago, 1.4.1626, e onde os filhos nasceram (os assentos de
com licença do núncio apostólico em Lisboa. Só em baptismo disponíveis só começam em finais de 1577,
1540 se instalou a primeira comunidade claustral, existindo apenas o assento do filho mais novo, António,
com várias freiras provenientes do convento de Santa aí baptizado a 19.6.1580). Em 1452, Fernão Couceiro,
Clara do Porto, entre elas a 1ª abadessa, D. Guiomar regedor de Tentúgal, teve do convento de São Marcos
da Mesquita, sobrinha do fundador. Recebeu várias o prazo de umas casas defronte da torre, em Tentúgal.
doações, quer do fundador quer de D. João III que, por E em 1512, Fernão Couceiro, escudeiro da Casa Real,
alvará de 21.1.1545, autorizou o mosteiro a possuir vivia em Tentúgal nas casas que haviam aforado seu
bens de raiz, e ainda doações de Pantaleão Ferreira, pai pai e avô. Muito provavelmente, Pedro Couceiro, sogro
das primeiras noviças, também sobrinhas do instituidor. de Cristóvão Mendes, sucedeu a seu co-irmão Fernão
Foi extinto por decreto de 10.11.1864. O respectivo Couceiro nas ditas casas, ou de outra forma o Dr.
processo contém inventários de bens imóveis (prédios Cristóvão Mendes de Carvalho conseguiu para si estas
rústicos e urbanos nos concelhos de Trancoso, Aguiar da casas, cerca de 1520, que terá então reformado. Há uma
Beira e Celorico da Beira) e dos bens móveis, descrição tradição segundo a qual a casa dos Couceiro em Tentúgal
e avaliação do edifício do convento e anexos, de alfaias, ficava no Largo de Nossa Senhora das Dores, em frente
objectos de culto, profanos e preciosos, de foros, prazos, à Misericórdia, e que tinha um aspecto de grandeza,
escrituras de empréstimos com fundos do convento, com entrada larga, encimada por varanda de pedra. Em
cartório (livros do tombo dos bens do convento, de meados do século XX, um incêndio arruinou-a, tendo sido
receita dos foros, e de juros, dos empregados internos demolidos os restos e no seu lugar construída uma casa
e externos da comunidade com seus ordenados), etc. térrea. Tinha uma entrada imponente e, por cima, uma
(ANTT, Ministério das Finanças, Convento de Santa varanda de balcão de pedra. As cantarias e janelas (três
Clara de Trancoso da Guarda, cx. 1938). na fachada, de assentos, sendo uma mais rasgada) eram
33 ANTT, Ordem dos Frades Menores, Província de manuelinas, tendo algumas delas sido adquiridas pelo
Portugal, Convento de Santa Clara de Trancoso, mç. 1. Dr. António Afonso, de Montemor-o-Velho. As janelas
Outra Bula, de 1539, autorizava que um ou dois frades tinham também cachorros de pedra, característicos da
andassem a pedir para ajuda da construção do mosteiro. época. Atrás tinha várias oficinas, cozinhas, cavalariças,
A bula da fundação definia que as freiras professassem despensa, duas salas, quartos de criados, "casas" dos
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