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económicos, sociais e ambientais da empresa. Van Marrewijk & Werre (2003) afirmam
que a sustentabilidade empresarial é um processo feito à medida e cada organização
deve escolher a sua própria ambição e abordagem em matéria de sustentabilidade
empresarial. Este deve cumprir os objectivos da organização e estar alinhado com a
estratégia da organização, como uma resposta adequada às circunstâncias em que a
organização opera.
A abordagem do bem comum
Este terceiro grupo de abordagens detém o bem comum da sociedade como o
valor referencial para a RSE (Mahon & McGowan, 1991; Velasquez, 1992). O bem
comum é um conceito clássico enraizado na tradição aristotélica (Smith, 1999), na
escolástica medieval (Kempshall, 1999), no desenvolvimento filosófico (Maritain,
1966) e assumida no pensamento social católico (Carey, 2001) como uma referência
fundamental para a ética nos negócios (Alford & Naughton, 2002; Melé, 2002; Papa
João Paulo II, 1991, #43). Esta abordagem sustenta que as empresas, como qualquer
outro grupo social ou individual na sociedade, tem de contribuir para o bem comum,
porque é uma parte da sociedade. A este respeito foi referido que as empresas são
instituições de mediação (Fort, 1996, 1999). As empresas não devem ser nem
prejudiciais nem parasitas para a sociedade, mas um contribuinte positivo para o bem
estar da sociedade.
As empresas contribuem para o bem comum de maneiras diferentes, como a
criação de riqueza, fornecendo bens e serviços de forma eficiente e justa, e ao mesmo
tempo respeitando a dignidade e os direitos fundamentais do indivíduo. Além disso,
contribui para o bem estar social e para um modo de vida justo, pacifíco, tanto no
presente como no futuro (Melé, 2002).
Em certa medida, esta abordagem tem muito em comum tanto com a abordagem
das partes interessadas (Argandoña, 1998) como o desenvolvimento sustentável, mas a
base filosófica é diferente. Apesar de existirem várias maneiras de compreender a noção
de bem comum (Sulmasy, 2001), a interpretação baseada no conhecimento da natureza
humana e a sua realização é particularmente convincente para Garriga & Melé (2004).
Permite a circum-navegação do relativismo cultural, que é frequentemente incorporado
em algumas definições de desenvolvimento sustentável.
A noção de bem comum está bastante próxima do conceito Japonês de Kyosei
(Goodpaster, 1999; Kaku, 1997; Yamji, 1997), entendida como “viver e trabalhar juntos
para o bem comum” que, juntamente com o princípio da dignidade humana, é um dos
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