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P         A SAÚDE E A SALVAÇÃO SÃO MOVIMENTOS EM DIREÇÃO AOS OUTROS
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                    "Assim como ouves o vento mas não sabes de onde ele vem, o mesmo acontece
                                                       com o Espírito.”
                                                    João 3:8 (Living Bible)

                  Assisti certa vez a uma palestra apresentada por um antropólogo que mostrou por
                  que determinadas culturas no mundo não conseguiam entender as descrições do
                  cristianismo feitas pelos missionários americanos. Explicou que nos Estados Unidos
                  pensamos em função de conjuntos fechados e limitados. Representou o que queria
                  dizer através de uma série de círculos no quadro, para demonstrar como achamos
                  que as pessoas pertencem a certos grupos e não a outros. Os cristãos estão dentro
                  de um círculo e    os não-cristãos do lado de fora. Achamos que se entrarmos no
                  círculo do cristianismo estaremos salvos. Se não entrarmos, seremos condenados.
                  Sempre acreditei que a terapia fosse um processo de movimento espiritual. A
                  presença de Deus não é mencionada na terapia, mas isso não impede que Deus crie
                  movimento em nossa vida. Eu creio nisso. Quando meus pacientes percebem uma
                  ausência desse movimento na terapia, ou seja, quando não sentem que as coisas
                  estão progredindo, eles se consideram "empacados". Depois, quando as coisas
                  começam a fazer sentido e eles acham que a terapia está funcionando, fazem ob-
                  servações como: "Agora estamos indo para algum lugar." Embora, na sua maioria,
                  os pacientes não tenham uma idéia clara de         para onde querem ir, eles desejam
                  chegar a algum lugar o mais rápido possível.
                  Derek era um homem muito motivado quando iniciou a terapia. Estava
                  genuinamente interessado em melhorar. Percebi logo que ele imaginava os seres
                  humanos separados em círculos. Havia o círculo dos mentalmente saudáveis e o
                  dos emocionalmente doentes, onde ele se via. Queria que eu lhe dissesse o que
                  estava fazendo de errado para corrigir seu comportamento e poder entrar no círculo
                  dos saudáveis. Estava menos interessado em se conhecer e tomar consciência de
                  seus mecanismos inconscientes do que em receber conselhos sobre como proceder.
                  Como todos nós, Derek é um produto da sua cultura. Ao começar a terapia,
                  perguntou: "Quanto tempo você acha que isso vai levar?" Quando as pessoas me
                  perguntam isso, sinto que vou ter dificuldades. Normalmente respondo com a
                  metáfora da academia. Quando paramos de nos exercitar? Todo mundo parece
                  entender a necessidade de fazer atividades para manter a forma. O exercício
                  emocional é na verdade a mesma coisa. A meta não é terminar, mas fortalecer-se
                  com um treinador que é o psicoterapeuta. A necessidade de nos exercitarmos física
                  ou emocionalmente nunca acaba, mas em algum ponto quase todos               nós deixamos
                  de precisar que o treinador permaneça ao nosso lado o tempo todo.
                  Derek parou de se sentir empacado na terapia e na sua vida quando deixou de
                  encarar a saúde mental como algo a ser conquistado para integrar o círculo dos
                  saudáveis. Ele começou a se sentir melhor quando passou a ver a saúde mental
                  como um modo de se aproximar dos outros. Está mais interessado na maneira como
                  se relaciona com aqueles que já fazem parte da sua vida. Agora Derek raramente
                  me pergunta o que acho que ele deve fazer, porque não acredita mais que haja uma
                  resposta certa para essa pergunta.
                  Jesus ensinava que o pecado é qualquer coisa que nos separe de Deus e dos
                  outros. Esta é a mensagem que ele queria transmitir na parábola do filho pródigo. Se
                  estamos avançando em direção a Deus e aos outros, estamos nos movendo em
                  uma direção espiritual. Se nos afastamos, estamos nos movendo ao contrário. É por
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