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P O PROBLEMA COM AS DROGAS
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"É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no
reino de Deus.”
Lucas 18:25
O motivo pelo qual as pessoas não conseguem abandonar os seus vícios é o fato de
eles funcionarem — temporariamente. Voltar-se para algo que produz repetidamente
uma espécie de conforto dá às pessoas uma falsa sensação de segurança. Elas
conseguem afastar a dor de não conseguirem satisfazer as suas necessidades mais
profundas. Os relacionamentos são desafiantes e trabalhosos porque nos fazem
exigências. As coisas concretas são sempre as mesmas; sabemos o que esperar
delas.
No entanto, a satisfação proveniente do uso de coisas materiais como substitutos
não é duradoura. A dor das necessidades essenciais acaba reaparecendo, e por
isso voltamos à solução mais fácil, apesar de descobrirmos aos poucos que ela não
é suficiente. Passamos então a precisar de uma quantidade cada vez maior, embora
algo dentro de nós saiba que não é dela que realmente precisamos. É por isso que o
vício é chamado de doença progressiva.
Joguei futebol no colégio com Ricardo. Era uma pessoa extremamente gentil e
educada fora do campo e excepcionalmente violenta e agressiva dentro dele, como
se a sua personalidade se transformasse quando vestia o uniforme. Eu sabia que ele
vinha de um ambiente familiar no qual sofria abuso e que tinha muitas coisas
dolorosas para encobrir na vida. Hoje, ao olhar para trás, acho que sei de onde vinha
toda a violência que ele despejava sobre os jogadores do time adversário.
Ricardo era altamente considerado por todos. Os rapazes o respeitavam devido à
reputação que ele conquistara no campo de futebol, e todas as meninas o
admiravam por causa do seu jeito sofisticado. Sabíamos que Ricardo fumava
maconha, mas não dávamos muita importância ao fato porque ele parecia estar
sempre no controle da situação. Quando tínhamos dificuldades, Ricardo era a
pessoa que encontrava uma saída. Todo mundo queria ser seu amigo.
Vários anos depois de me formar fui visitar a minha cidade natal. A perspectiva de
ver Ricardo me deixava animado e eu esperava com prazer o nosso encontro.
Tragicamente, eu não poderia ter ficado mais desapontado. Tudo indicava que
Ricardo passara a fazer uso mais intenso das drogas e voltara-se para substâncias
mais pesadas. Às dez da manhã ele não conseguia permanecer alerta o suficiente
para manter uma conversa. Sua mente divagava enquanto conversávamos, e o que
ele falava freqüentemente não fazia muito sentido. Disse que não estava
trabalhando naquele momento e tive a impressão de que estava tendo dificuldade
em conseguir um emprego fixo. O rapaz que eu tanto admirara deixara de existir. Saí
do nosso encontro sentindo-me muito triste.
A tragédia na vida de Ricardo era que ele estava tentando lidar com os traumas
dolorosos usando drogas. O uso das drogas ajudou-o a enfrentar as dificuldades
durante a adolescência, possibilitando que fosse um dos rapazes mais populares da
escola. No entanto, ser capaz de enfrentar problemas não é o mesmo que resolvê-
los. Os demônios acabavam voltando e ele precisava de uma estratégia mais
eficiente para enfrentá-los porque a antiga droga não estava mais funcionando.
Ricardo apelava para uma substância material procurando lidar com sentimentos